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Temos de armar nossos alunos com livros, diz mãe de sobrevivente em Suzano

Nathan Lopes

Do UOL, em Suzano

20/03/2019 13h56Atualizada em 20/03/2019 17h52

A busca por união após a tragédia e críticas ao discurso a favor de armar a sociedade foram os principais pontos levantados por oradores no culto ecumênico em memória das vítimas do massacre na escola estadual Raul Brasil, em Suzano (Grande São Paulo), que completou uma semana hoje.

Cerca de 500 pessoas estiveram na quadra da escola para a celebração.

Mãe de uma das alunas sobreviventes, a sacerdotisa de umbanda Luciana da Costa Zanetta lembrou que não há palavras para acalmar o coração dos envolvidos.

Ela, porém, fez um apelo: "Que suas partidas [das vítimas mortas] não sejam em vão e gerem em nós a luta a favor da paz, contra essa apologia à violência que vem surgindo em nosso país", disse.

"Precisamos, sim, armar nossos alunos, mas com livro, com amor, com cuidado ao próximo"

Luciana da Costa Zanetta, mãe sobrevivente e sacerdotisa de umbanda

A luta para seguir em frente também foi mencionada. "Estamos consternados, mas não estamos destruídos", disse o pastor Valter Oliveira. "Avante, Suzano. O amor prevalece, o amor vence".

Após o culto, que durou cerca de 50 minutos, os presentes saíram de mãos dadas para dar um abraço na escola. O processo durou 15 minutos, ao som de "Dias Melhores", do grupo Jota Quest.

Ao fim, comemoração. "Pessoal, escola abraçada. Deu a volta. Conseguimos", disse um dos membros da comunidade escolar. Na sequência, aplausos, abraços e choro.

As aulas na escola estão suspensas desde o massacre, e não há previsão ainda de quando serão retomadas. Segundo o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, o tema será debatido pela escola a partir de amanhã.

Presente no culto e tendo participado do abraço, Soares disse que a principal preocupação neste momento é com as pessoas. Citou as mudanças na escola, como pintura do prédio e chegada de carteiras novas, como exemplo.

"Toda a sociedade tem responsabilidade, tem que olhar para isso, estar unida. Não é possível continuarmos com condição de termos tragédia desse jeito. A gente precisa olhar a causa, a raiz. Essa é nossa maior preocupação", disse, citando que o ataque poderia ter sido em uma igreja ou em um cinema. "Não é só mais segurança que nós precisamos".

Mas o pedido por mais segurança para a área de educação não foi esquecido. A comunidade já convocou uma manifestação para a noite de amanhã na cidade.

O prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi (PR), porém, disse que o massacre de Suzano não envolve apenas questões de segurança. "Não é um problema só de colocar um guarda, uma câmera, um centro de segurança na escola. Esse problema é muito além disso. É daquela criança que se tranca nos quartos, que os pais muitas vezes saem cedo e voltam tarde pela força do trabalho", declarou.

Alunos de outras escolas também compareceram ao ato. Antes do culto, estudantes de Poá fizeram uma roda em frente ao portão principal da Raul Brasil. Eles cantaram músicas religiosas e pediram a uma salva de palmas a todos os mortos.

No hospital Santa Maria, que fica a cerca de 300 metros da escola e fez os primeiros atendimentos de sete feridos, funcionários soltaram balões brancos e fizeram uma salva de palmas às 9h40. Todos os atendidos pelo hospital receberam alta.

Alunos e funcionários voltam a escola Raul Brasil em Suzano

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