'Me sentindo a mãe do ano', diz mulher que reencontrou filho após 38 anos
Sueli Gomes Rochedo, 56, que teve o bebê recém-nascido levado da porta do Hospital Regional do Gama em 1981, no Distrito Federal, reencontrou o filho Ricardo Santos Araújo em João Pessoa no último fim de semana.
"Já estou me sentindo a mãe do ano. O maior presente que o universo pôde me dar, que Deus pôde me restituir é o meu filho de volta na minha vida", disse Sueli ao UOL.
Depois de 38 anos separados, mãe e filho foram à praia, almoçaram juntos e puderam se conhecer. Sueli classificou o encontro como "uma vitória" e disse que agora irão construir um vínculo entre mãe e filho.
Ricardo - a quem a mãe chama de Luiz Miguel - conheceu a mãe biológica seis meses depois de a mãe adotiva ter morrido.
"Tive duas mães. Perdi minha mãe adotiva e agora Deus me deu de volta a minha mãe biológica", disse.
"Ela já fez comida para mim, cafuné. Estamos juntos, lado a lado e para sempre. É um momento único, indescritível", relatou.
38 anos de angústia
Ao UOL, ela contou que morava em um abrigo desde os 9 anos e deu à luz aos 16. Sueli diz que, na porta do hospital, deixou o filho com uma funcionária do abrigo em que morava para fazer uma ligação. Ao voltar, seu filho havia desaparecido.
"Demorei a levar o caso à polícia porque achei que ele estava morto, não tinha documento nenhum na época. Então tinha medo de achar que eles [polícia] não acreditariam em mim", relatou.
Somente em 2013, após tentativas frustradas de encontrar o filho, ela decidiu comunicar o ocorrido à Polícia Civil do Distrito Federal. Segundo o delegado Murilo de Oliveira, os policiais da 14ª DP, iniciaram as investigações naquele ano e trabalhavam com pelo menos 15 hipóteses.
A dona do abrigo, principal suspeita de ter levado o bebê, morreu em 2012, antes que a mãe registrasse ocorrência.
Investigações policiais chegaram ao médico que fez o parto de Sueli e descobriram que o bebê havia sido entregue ao porteiro do edifício onde vivia o médico. E a família que recebeu o bebê, descobriu a polícia por meio do Instagram, havia se mudado para a Paraíba.
Em contato com cartórios do estado, os policiais descobriram que o porteiro e a mulher tinham dois filhos. Um deles era Luiz Miguel, de 38 anos, que era chamado de Ricardo pelo casal.
A confirmação dos laços sanguíneos de Sueli com Luiz Miguel, que vive na Paraíba, veio após um exame de DNA.
De acordo com a polícia, Ricardo (Luiz Miguel) e a irmã sabiam que eram adotados, mas não quem eram as mães biológicas. Como na época o registro indevido de criança não era considerado crime, o caso foi arquivado, e o porteiro não vai responder criminalmente.
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