Doria quer transferir coordenador de exportações do PCC a presídio federal
O governador João Doria (PSDB) quer que André de Oliveira Macedo, 42, o André do Rap, preso na manhã de domingo (15), seja transferido para sistema penitenciário federal, a exemplo de toda a cúpula do PCC (Primeiro Comando da Capital), retirada de São Paulo em fevereiro deste ano. A medida, no entanto, depende de um trâmite judicial.
Entre os integrantes do primeiro e do segundo escalão na hierarquia da facção, há 25 reclusos no sistema penitenciário federal. Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como o principal líder do grupo, está no presídio federal de Brasília.
O Brasil tem cinco presídios federais, nas cidades de Brasília, Campo Grande (MS), Catanduvas (PR), Mossoró (RN) e Porto Velho (RO). Dessas, apenas três concentram chefes do PCC: Brasília, com dez integrantes; Porto Velho, com oito; e Mossoró, com sete.
Ainda não se sabe para onde André do Rap pode ser transferido. Ele foi transferido hoje do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros, na capital paulista, para a penitenciária dois de Presidente Venceslau, no interior.
Para que André do Rap seja transferido, é necessário um trâmite burocrático. O Depen (Departamento Penitenciário Nacional), administrado pelo governo federal, deve disponibilizar uma vaga em um dos cinco presídios do sistema federal. Depois de escolhido o presídio, um juiz local deve autorizar o recolhimento.
André do Rap, segundo o MP (Ministério Público), era o coordenador da exportação de drogas do PCC, sobretudo a partir do porto de Santos, no litoral paulista, onde vivia.
De lá, a facção exporta drogas, principalmente cocaína, para portos na Europa, África e Ásia. Entre os parceiros transnacionais da facção, está a 'Ndrangheta, considerada por órgãos internacionais como a maior máfia da atualidade, com sede no sul da Itália.
O acusado foi preso em uma casa de luxo em Angra dos Reis (RJ). Segundo a Polícia Civil, era um imóvel alugado por R$ 20 mil mensais e utilizado como veraneio. Com ele, foram apreendidos uma lancha e um helicóptero. A polícia informou que ele vivia uma vida requintada.
O delegado Osvaldo Nico Gonçalves, diretor do Dope (Departamento de Operações Especiais e Estratégicas), órgão responsável pela investigação e prisão de André do Rap, informou que Doria tinha intenção de transferi-lo desde que soube da prisão. Segundo o delegado, foi cumprido um mandado de busca e apreensão no apartamento do acusado, hoje, em Santos. Lá, foram apreendidos um Porsche e uma arma.
Antes dele, quem administrava o comércio em Santos era Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, então número um do PCC em liberdade. Ele foi assassinado junto a seu parceiro Fabiano Alves de Souza, o Paca, porque, segundo investigações, ambos estavam roubando dinheiro da própria facção.
André do Rap era aliado de Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro, que foi assassinado a tiros de fuzil, como queima de arquivo, porque esteve envolvido nos homicídios de Gegê do Mangue e Paca.
Atualmente, André do Rap era apontado como o homem de confiança de Gilberto Aparecido dos Santos, que está foragido e é visto como braço direito de Marcola.
Havia a suspeita, até então, de que André do Rap estivesse vivendo no Paraguai ou na Bolívia, assim como Fuminho, ou que tivesse sido assassinado por seu passado de parceria com Gegê do Mangue e Cabelo Duro. Suspeitava-se também que seu corpo poderia ter sido jogado ao mar, como queima de arquivo.
Ao todo, André do Rap ficou por sete anos preso. Desde 2014, estava foragido por uma condenação pelo crime de tráfico internacional de drogas. "No tráfico de drogas internacional, ele era o número um no Brasil", disse o Fabio Pinheiro Lopes, delegado da Dope (Divisão Antissequestro do Departamento de Operações Policiais), que coordenou a operação na manhã de domingo.
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