Papa Francisco transforma Irmã Dulce em 1ª santa nascida no Brasil
Resumo da notícia
- Multidão se reúne para ver papa canonizar Irmã Dulce
- Freira teve milagres confirmados e vira 1ª santa nascida no Brasil
- Curado pela agora chamada de Santa Dulce dos Pobres também esteve em missa
Irmã Dulce, a freira conhecida como o "anjo bom da Bahia" pela fé e pela dedicação no trabalho de assistência aos pobres, foi canonizada hoje pelo papa Francisco em missa no Vaticano e se tornou a primeira santa nascida no Brasil. A cerimônia foi acompanhada por 50 mil pessoas, segundo a Igreja Católica.
Com dois milagres reconhecidos pela Igreja Católica, ela passa a ser chamada de Santa Dulce dos Pobres.
"Hoje agradecemos ao Senhor pelos novos santos, que andaram com fé e agora os evocamos como intercessores", disse o papa Francisco diante de uma multidão reunida na praça São Pedro.
"Três são religiosos e nos mostram que a vida consagrada é um caminho de amor nas periferias existenciais do mundo", acrescentou.
O pontífice também canonizou o cardeal britânico John Henry Newman (1801-1890), fundador do Oratório de São Filipe Néri; a italiana Giuseppina Vannini (1859-1911), cofundadora da Congregação das Filhas de São Camilo; a indiana Maria Teresa Chiramel Mankidiyan (1876-1926), fundadora das Irmãs da Sagrada Família; e a suíça Margarita Bays (1815-1879), da Ordem Terceira de São Francisco de Assis.
O Vaticano havia anunciado a canonização de Irmã Dulce em maio deste ano, quando um segundo milagre atribuído à religiosa foi reconhecido por meio de decreto. Trata-se da cura de um paciente que estava cego por conta de um glaucoma, o músico José Maurício Bragança Moreira.
Moreira participou da missa e presenteou o papa com uma relíquia de Irmã Dulce, um pedaço de sua costela colocado em um relicário sobre uma ametista em forma de coração.
No próximo domingo (20), a Arena Fonte Nova, em Salvador, receberá uma grande celebração pela canonização da freira soteropolitana.
A missa no Vaticano teve a presença de uma ampla delegação brasileira, liderada pelo vice-presidente Hamilton Mourão, que trocou breves cumprimentos com o papa.
Transformou galinheiro em hospital
Nascida em 1914 em Salvador, Maria Rita Lopes de Sousa Brito se dedicou ao trabalho social nas ruas da capital baiana.
Começou prestando assistência à comunidade favelada dos bairros de Alagados e de Itapagipe e depois fundou a União Operária São Francisco, primeiro movimento cristão operário de Salvador, e o Círculo Operário da Bahia, que proporcionava atividades culturais e recreativas, além de uma escola de ofício.
Em 1949, acolheu no galinheiro situado ao lado do Convento Santo Antônio cerca de 70 doentes recolhidos das ruas de Salvador. O episódio é considerado a origem da OSID (Obras Sociais Irmã Dulce), instituição filantrópica fundada por ela dez anos depois.
O primeiro milagre atribuído a ela e que lhe rendeu a beatificação aconteceu em 2001, quando uma mulher havia sido desenganada pelos médicos depois de dar à luz devido a um quadro grave de hemorragia.
Rápido processo
A canonização de Irmã Dulce é a terceira mais rápida da história da Igreja Católica a partir da data da morte: 27 anos após seu falecimento, atrás da santificação do papa João Paulo 2º (nove anos após sua morte) e de Madre Teresa de Calcutá (19 anos após o falecimento).
Antes de ser aprovado, o Vaticano submete a postulação a três análises, uma médica, outra teológica e a final feita pelo colégio de cardeais.
Para ser aprovado, um milagre deve cumprir quatro itens. A instantaneidade, a perfeição e o atendimento completo do pedido, a durabilidade do pedido, e aspecto preternatural, aquele que não pode ser explicado pela ciência.
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