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Policial civil atirou contra seis por disputa de escolta a muambeiros em SP

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

16/10/2019 13h00

Resumo da notícia

  • Policial que cobra por escolta brigou com homem que também queria prestar o serviço
  • Além de atingir o rival, o policial acertou outras cinco mulheres durante a briga
  • Policia alegou legítima defesa e segue com escolta a muambeiros na região central

Na manhã de 6 de outubro, um domingo, seis pessoas foram baleadas na região do parque Dom Pedro 2º, centro da capital paulista. Segundo as primeiras informações, divulgadas pela PM (Polícia Militar), houve uma briga entre ambulantes. Depoimento do autor do crime à delegacia, no entanto, aponta para outra motivação.

O UOL identificou com investigadores que houve uma briga envolvendo um policial civil e um muambeiro pela disputa da escolta de vendedores que chegam do Paraguai com mercadorias contrabandeados e que precisam de ajuda para conseguir chegar até a região da rua 25 de março.

Um homem e cinco mulheres foram baleados por volta das 10h10 daquele domingo. O policial civil conhecido como Ricardo Firmeza, se apresentou ao 1º DP (Distrito Policial), na Sé, e assumiu ter atirado contra as seis pessoas. O sobrenome dele não foi confirmado.

Um inquérito foi instaurado contra o policial. Alegando legítima defesa, ele foi liberado. A reportagem apurou que ele continua prestando serviço de escolta ilegal na região.

Naquela manhã, havia dezenas de muambeiros na região. Eles tinham acabado de chegar do Paraguai. Em média, chegam 20 ônibus por dia do país vizinho até a região, de acordo com investigadores. De lá, eles costumam ser escoltados por policiais em folga até a região da 25 de março.

Testemunhas do crime, entrevistadas pelo UOL sob anonimato, apontam que um muambeiro, sem emprego e não identificado, começou a querer disputar esse serviço de escolta e bateu boca com Ricardo Firmeza.

As testemunhas disseram que o muambeiro deu um tapa no rosto do policial, que revidou atirando. Imagens de câmeras de segurança mostram o policial atirando contra o muambeiro que já estava no chão. O estado de saúde dele era considerado grave, mas a polícia não atualizou a informação. Além dele, outras cinco mulheres foram atingidas em áreas do corpo que não geram risco de morte.

Ricardo Firmeza trabalhava no DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa). Ao ser identificado prestando serviços de escola para muambeiros, foi deslocado ao 36º DP, na Vila Mariana. A reportagem não conseguiu localizar o policial, nem sua defesa.

Procurada, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) informou que "o caso é investigado pela Corregedoria da Polícia Civil, que recebeu o inquérito policial instaurado pelo 1º DP".

"Vítimas e testemunhas foram ouvidas e imagens de câmeras de segurança da região solicitadas", diz a secretaria.

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