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MG registra 2ª morte suspeita de vínculo com cerveja intoxicada da Backer

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte*

14/01/2020 13h37Atualizada em 17/01/2020 08h55

Resumo da notícia

  • Moradora de Pompeu morreu com a síndrome nefroneural
  • Caso da cerveja com substância tóxica é investigado pela polícia
  • Cervejaria pede que consumidores não tomem sua bebida

Uma morte ocorrida no fim do ano no interior de Minas Gerais passou a ser vinculada hoje à série de intoxicações suspeitas de serem decorrentes do consumo de cervejas da fabricante Backer.

A Secretaria de Saúde de Pompéu, município com 31 mil habitantes e a 177 quilômetros de Belo Horizonte, afirmou hoje que uma moradora da cidade morreu durante internação na Santa Casa de Misericórdia da cidade com sintomas da síndrome nefroneural, que atinge rins e sistema nervoso.

O quadro é similar ao detectado em outro paciente que morreu em Juiz de Fora, também em Minas Gerais, e compatível com intoxicação por dietilenoglicol, uma das duas substâncias tóxicas encontradas pela Polícia Civil em três lotes da cerveja Belorizontina (L1-1348, L2-1348 e L2-1354).

Caso seja confirmado, a morte em Pompéu será a segunda relacionada à doença e ao consumo da cerveja Backer. A identidade da mulher em questão não foi revelada.

De acordo com o comunicado, a vítima esteve em Belo Horizonte entre 15 e 21 de dezembro de 2019 hospedada na casa de parentes no bairro Buritis, zona oeste de Belo Horizonte, área onde a maioria das vítimas identificadas mora.

No comunicado, a Secretaria de Saúde de Pompéu explica que a vítima "apresentou sintomas da síndrome nefroneural (...) (e que) foi relatado pela família que ela bebeu a cerveja Belorizontina".

No último balanço da Secretaria de Saúde de Minas Gerais, há pelo menos 17 pacientes com quadro clínico similar. O caso de Pompéu ainda não foi incluído na contabilidade oficial do estado.

Não bebam a Belorizontina, diz Backer

Hoje, em entrevista coletiva, a diretora de marketing da cervejaria Backer, Paula Lebbos, pediu que consumidores não bebam a cerveja Belorizontina, independentemente do lote.

Ela manteve a afirmação de que o dietilenoglicol não é utilizado na produção da cerveja, mas confirmou que o monoetilenoglicol, a outra substância encontrada, é utilizada.

As substâncias servem para resfriar a cerveja durante sua confecção, mas não deve ser adicionado ao produto.

"A polícia, as autoridades, constataram que houve algum problema aqui dentro, estão investigando. Constataram o dietilenoglicol e monoetilenoglicol, que é o que a gente usa na fábrica", disse.

Quais são os sintomas da síndrome nefroneural

A síndrome relacionada à ingestão de dietilenoglicol se caracteriza por insuficiência renal aguda de evolução rápida (ou seja, que leva a pessoa a ser internada em até 72 horas após o surgimento dos primeiros sintomas) e alterações neurológicas centrais e periféricas que podem provocar paralisia facial, embaçamento ou perda da visão, alteração sensório, paralisia, entre outros sintomas.

Cervejas fora de circulação

Ontem, o Ministério da Agricultura determinou que a Backer retire de circulação todas as cervejas e chopes produzidos desde outubro de 2019 até a última segunda (13). A empresa afirmou que cumprirá a determinação.

Desde que as suspeitas de contaminação das cervejas Belorizontina vieram a público, a cervejaria Backer afirma que não utiliza dietilenoglicol em sua fábrica. Em nota divulgada nesta segunda-feira (13), a Backer promete prestar a ajuda necessária aos pacientes e suas famílias.

"A empresa prestará o suporte necessário, mesmo antes de qualquer conclusão sobre o episódio. Desde já, se coloca à disposição para o que eles precisarem", informa a cervejaria, que garantiu colaborar, "sem restrições", com as investigações. A empresa também informou que está tomando as medidas necessárias à apuração do que aconteceu. "Na semana passada, solicitamos uma perícia independente e aguardamos pelos resultados."

Investigação

A Polícia Civil não descarta nenhuma hipótese, nem mesmo a suspeita de que um ex-funcionário demitido pela Backer possa ter agido por vingança.

"Não posso afirmar se foi uma sabotagem ou um erro. Ainda não é o momento da investigação para isso", disse o delegado Flávio Grossi.

"Hoje, o que afirmamos é que os elementos tóxicos encontrados nas garrafas [de cerveja], no sangue das vítimas e dentro das empresas [provém] de produtos em comum. Crime acreditamos que houve. Por isto instauramos um inquérito policial", disse o delegado.

*Inclui informações da Agência Brasil