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Muita aglomeração e pouca fiscalização marcam reabertura em Copacabana

Muita aglomeração e pouca fiscalização nas areias de Copacabana

Herculano Barreto Filho

Do UOL, no Rio

02/06/2020 17h54

Um rapaz de regata, bermuda e pés descalços caminha pela areia de Copacabana, na zona sul do Rio, enquanto fala pelo celular. Uma mulher de biquíni e sem máscara de proteção passa por ele, correndo. Mais perto do mar, dois homens fazem treinamento de boxe.

Cenas como essas marcaram o descumprimento do isolamento social no primeiro dia do plano de liberação gradual da Prefeitura do Rio —entre as medidas permitidas, estão atividades aquáticas no mar, como surfe e natação. O UOL foi ao local e constatou um cenário de muita aglomeração e pouca fiscalização nas areias da praia.

A reportagem circulou pela praia por quase três horas. Pela manhã, havia muita aglomeração e nenhuma fiscalização. Só por volta das 13h15, apareceram dois policiais militares, que começaram a percorrer os 4 km de extensão da orla em quadriciclos, para orientar as pessoas a se retirar da faixa de areia. Os agentes não permitiram permanência na faixa de areia. Caminhadas apenas até a água para um mergulho, natação ou surfe.

Bombeiro diz temer 'invasão' de banhistas

Duas mulheres que caminhavam pela areia demonstraram surpresa ao serem orientadas a sair. Uma senhora chegou a se recusar a sair e discutiu com o PM. Em seguida, cedeu e deixou a areia. "Hoje, está mais difícil [em comparação aos outros dias na orla]. As pessoas acham que a praia está liberada", diz um PM, que não se identificou.

Mais cedo, um bombeiro que atua na orla disse temer uma 'invasão' de banhistas no fim de semana. "A quantidade de pessoas aumentou muito na areia. Só podemos orientar as pessoas a ficarem mais afastadas umas das outras. A nossa preocupação é que haja uma grande aglomeração no fim de semana por causa do afrouxamento."

"Só tá liberado para esporte na água? Não sabia"

O segurança Jefferson Mendes da Silva, 29, também se surpreendeu ao saber que não estava permitida a circulação de pessoas na areia. "Só tá liberado para esporte na água? Não sabia. Não tinha parado para ler", admitiu, enquanto conversava com Carlos Chase, 67. "Eu caminho aqui na areia todo o dia. É um erro mandar as pessoas ficarem trancadas em casa", defendeu o aposentado.

De biquíni, sem máscaras de proteção e com o bronzeado em dia, duas argentinas que moram há três anos no Rio admitem que pegam sol todo o dia em Copacabana. "Nunca deixamos de ir à praia por causa do isolamento. Às vezes, os policiais nos mandam sair. Outras vezes, não", diz uma delas, que se identificou apenas como Lucila.

Mas havia quem estivesse na praia pela primeira vez desde o começo da pandemia. Era o caso do autônomo João Luiz Santana, 43, que levou o filho de 9 anos. "Ainda não sei direito o que pode e o que não pode. Falaram que não pode tomar banho de mar. Então, não vou pagar pra ver", diz.

A vendedora Jessica Nepomuceno, 26, levou a irmã e a filha de 9 anos para a praia após passar as últimas semanas em isolamento dentro de casa.

A minha irmã que me chamou [para ir à praia]. Eu estava com medo de sair de casa. Está sendo libertador. Dá aquela esperança de que a vida está voltando ao normal

Rita Gomides, irmã de Jessica

O plano de liberação gradual já motivou o artesão argentino Luis Gerardo de Souza, 35, a oferecer os seus produtos nas areias de Copacabana. "Antes, estava vendendo só no calçadão. Mas vi mais pessoas por aqui", explica.

O UOL procurou as assessorias de imprensa da Prefeitura do Rio e da PM-RJ (Polícia Militar do Rio de Janeiro) para buscar informações sobre a fiscalização nas praias. Mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. Assim que responderem à demanda, os posicionamentos serão incluídos.