São Paulo tem atos esvaziados contra e a favor de Bolsonaro
Movimentos sociais e torcidas organizadas se juntaram na tarde de hoje para protestar contra o racismo, o fascismo e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na avenida Paulista, em São Paulo. O ato começou no Masp e seguiu sentido bairro Paraíso. Segundo estimativa da Polícia Militar, havia cerca de mil pessoas.
Em razão de um acordo mediado pelo Ministério Público de São Paulo, apenas o grupo contrário ao presidente compareceu à avenida Paulista neste domingo. Apoiadores de Jair Bolsonaro se manifestaram no viaduto do Chá (centro da cidade) e reuniram cerca de cem pessoas, de acordo com a PM.
Foi uma tarde fria e nublada na região central de São Paulo, com temperatura em torno de 15ºC.
Os grupos autointitulados antifascistas e pró-democracia tinham à frente o grupo Somos Democracia, a Frente Povo Sem Medo, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e a CMP (Central de Movimentos Populares), além de grupos antifascistas das torcidas dos quatro maiores clubes de São Paulo: Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos.
Esses movimentos defendem a saída do presidente e exibem mensagens contra o racismo e o fascismo, além de defender a ampliação de direitos da população. A organização do movimento voltou a pedir que os manifestantes usem máscaras, higienizem as mãos e procurem manter o distanciamento social, devido à pandemia da covid-19.
A advogada Paula Nunes dos Santos, 26, foi ao local em defesa dos negros. "Estou aqui hoje porque quero que a juventude negra tenha direito ao futuro", afirmou enquanto segurava uma faixa com a frase escrita: "Vidas negras importam".
A estudante Mel Sevlai, 16, afirmou ter ido à Paulista para se "manifestar contra o fascismo que está escancarado no país". Seu colega, o também estudante Raul de Oliveira, 17, complementou que também foi ao local para protestar contra os atos racistas do governo.
Símbolos nazistas
No início do ato, houve um princípio de confusão quando três jovens com símbolos nazistas passaram em frente à manifestação. Manifestantes antifascistas tentaram expulsá-los do local. Ao chegar próximo de uma viatura da PM estacionada, um dos manifestantes antifascistas denunciou os três neonazistas aos PMs. Os PMs afirmaram que levariam o denunciante e os neonazistas para a delegacia.
Um policial militar sem identificação na farda empurrou pelas costas o repórter do UOL, Luís Adorno, que gravava o princípio de tumulto entre os três jovens identificados como neonazistas e manifestantes contrários ao governo Bolsonaro.
Ao ser empurrado, o celular do repórter caiu no chão e teve a tela danificada. A comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) lamentou a ação. Não havia aglomeração de pessoas. Segundo testemunhas, o policial empurrou para atrapalhar o registro.
Apoiadores de Bolsonaro
O protesto favorável ao presidente em São Paulo foi menor do que os promotores esperavam. Ele levou entre 150 e 200 pessoas ao viaduto do Chá, conforme o major Costa e Silva, um dos organizadores. "Realmente, esperava mais gente", lamentou.
Categorias que estiveram presentes em manifestações desde março, como motoboys, grupos de motociclistas, motoristas de vans e caminhoneiros, não apareceram. As justificativas foram o frio e a mudança no local do ato. O major afirmou que havia percebido nas redes sociais o receio de muitos apoiadores do governo federal em ir ao centro de São Paulo.
"Muitos apoiadores acham que a luta acabou com a eleição do presidente. Se ficar acomodado dentro de casa, vamos perder tudo que conquistamos."
O movimento — que também registrou críticas ao STF (Supremo Tribunal Federal) e às medidas de isolamento no combate ao novo coronavírus — foi acompanhando por vários policiais militares e houve a exigência que fossem recolhidas faixas com hastes de madeira. Este é um dos itens proibidos pela Secretaria de Segurança Pública em atos na cidade. O temor é que sejam usados como arma em confrontos com manifestantes de esquerda.
"Retiramos para dar exemplo. Sempre demos exemplo", declarou o major Costa e Silva.
Manifestantes em Brasília
No Distrito Federal, o governador Ibaneis Rocha (MDB) proibiu a circulação de carros e pessoas hoje na Esplanada dos Ministérios. Mesmo assim, cerca de 50 pessoas se reuniram perto dali, na Praça dos Três Poderes, para um ato de cerca de duas horas a favor de Bolsonaro.
Diferente do que fez nos sete domingos anteriores, o presidente da República não compareceu às manifestações de apoio. Na última semana, Bolsonaro pediu para os apoiadores ficarem em casa.
Ontem à noite, militantes bolsonaristas dispararam fogos de artifício contra o prédio do STF. Hoje, em nota, o presidente da corte, ministro Dias Toffoli, disse que o tribunal "jamais se sujeitará" a "nenhum tipo de ameaça".
Colaboraram Adriano Wilkson, de São Paulo, e Luciana Amaral, de Brasília
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