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Caso Miguel: delegacia abre mais cedo para primeira-dama depor

Mirtes Renata Santana de Souza, mãe do menino Miguel, comparece a delegacia no Recife - Reprodução/TV Globo
Mirtes Renata Santana de Souza, mãe do menino Miguel, comparece a delegacia no Recife Imagem: Reprodução/TV Globo

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

29/06/2020 14h17

A primeira-dama do município de Tamandaré (PE), Sarí Mariana Costa Gaspar Corte Real, prestou hoje novo depoimento sobre a investigação da morte do menino Miguel Otávio Santana da Silva, 5, em Recife. Ela é suspeita de homicídio culposo e chegou a ser presa, mas foi liberada após pagamento de fiança.

Miguel caiu do 9º andar de um prédio, no início de junho, quando estava sob os cuidados de Sari enquanto a mãe dele, a empregada doméstica Mirtes Santana, levava o cachorro da família para passear.

A primeira-dama depôs na 1ª Delegacia Seccional de Polícia Civil em Santo Amaro, área central de Recife, que chegou a abrir mais cedo do que o expediente normal - 8h - para ouvi-la. Ela chegou por volta das 6h da manhã de hoje acompanhada de três advogados e do marido, o prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker. Sarí não quis falar com a imprensa, nem os advogados dela.

A Polícia Civil de Pernambuco justificou que a abertura antes do expediente da delegacia de Santo Amaro atendeu a um pedido dos advogados de Sarí. Segundo a polícia, eles alegaram que havia possibilidade de aglomeração e "risco de agressão à depoente por parte de populares." O delegado Ramon Teixeira atendeu ao pedido.

"Saliente-se que esse deferimento não enseja nenhum prejuízo aos trabalhos de investigação levados a efeito pela Polícia Civil", informou em nota.

Mãe se revolta com investigação

Mirtes foi até a porta da delegacia para ver de perto a ex-patroa. Ela levou uma foto do filho em um porta-retrato e estava bastante revoltada com o andamento das investigações. Para ela, trata-se de um crime doloso - quando há intenção de matar -, e não culposo. A empregada afirmou que vai até as últimas instâncias para que a Justiça mude a versão do inquérito policial.

"A partir do momento que ela deixou meu filho sozinho no elevador e apertou o botão do último andar, ela tinha intenção de se livrar dele, e se livrou com a morte do meu filho. Esse caso não pode ser considerado nunca homicídio culposo, é doloso", disse Mirtes, bastante emocionada.

A polícia civil tem até a próxima quarta-feira (1º) para concluir o inquérito que investiga a morte do menino Miguel. A Polícia Civil não informou se o delegado vai pedir que o prazo seja prorrogado por mais 30 dias. Após a conclusão, o inquérito será remetido ao Ministério Público Estadual, que analisará o material e poderá acatar integralmente os trabalhos da polícia ou reformular a conclusão do inquérito, pedindo novas diligências. Após isso, o Ministério Público oferecerá a denúncia à Justiça, que acatará ou não a peça processual.

O caso

A morte do menino Miguel vem gerando protestos de familiares, amigos e de entidades que criticam a forma como a criança foi tratada pela patroa da mãe dele.

O menino se desesperou porque a empregada doméstica saiu sem levá-lo e quis ir atrás. Ele entrou quatro vezes em um dos elevadores do prédio que Sarí e família moram e foi retirado por ela. Mas, na quinta vez, a patroa deixou o menino dentro do elevador, apertou o botão da cobertura e liberou a porta do equipamento. Enquanto isso, o menino apertou, aleatoriamente, outros botões do elevador. Ele desceu no 9º andar, abriu uma porta, caiu da sacada e morreu.

Ao voltar ao prédio, Mirtes se deparou com o filho caído no térreo. Ela disse que a criança ainda estava viva, mas com olhar fixo. O socorro do menino ocorreu no carro da patroa de Mirtes, pois moradores acionaram o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas um morador que é médico afirmou que o menino deveria ser socorrido imediatamente. O Samu chegou cinco minutos depois.

Sarí Corte Real chegou a ser presa pelo crime de homicídio culposo (quando não há intenção de matar), depois que a Polícia Civil de Pernambuco analisou imagens do circuito interno do condomínio e viu que ela deixou a criança sozinha no elevador. A primeira-dama pagou a fiança de R$ 20 mil e foi liberada para responder pelo crime em liberdade.