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MP denuncia cuidadora suspeita de dopar idosas para usar cartão das vítimas

Câmera de segurança de lotérica no Rio mostra Rosimeri Cristina dos Santos, 46, acompanhando a idosa de quem cuidava - Divulgação/Polícia Civil
Câmera de segurança de lotérica no Rio mostra Rosimeri Cristina dos Santos, 46, acompanhando a idosa de quem cuidava Imagem: Divulgação/Polícia Civil

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

21/07/2020 10h32

O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) denunciou ontem à Justiça a auxiliar de enfermagem Rosimeri Cristina dos Santos, 46, por tentativa de homicídio e estelionato. Segundo o MP-RJ, a mulher, que atuava como cuidadora, dopava suas pacientes para furtar e usar seus cartões bancários. Ela está presa desde o dia 30 de junho.

Segundo a deúncia, Rosimeri acompanhava as idosas e observava e anotava as senhas. Posteriormente, ela medicava as vítimas para fazer compras particulares.

No caso mais recente, a auxiliar de enfermagem injetou duas seringas de insulina em uma idosa, moradora de Bonsucesso, na zona norte do Rio, e combinou a medicação com o remédio Glifage 850 mg. A mulher não era diabética, teve uma crise de hipoglicemia e entrou em coma, precisando ser internada em um hospital. Após dopar a vítima, Rosimeri usou o cartão dela para fazer diversas compras.

De acordo com o Ministério Público, a cuidadora ministrou os medicamentos na vítima para matá-la.

Cabe ressaltar que o crime contra a vida resta qualificado por motivo torpe e para assegurar a impunidade e vantagem dos crimes patrimoniais descritos, uma vez que a denunciada ministrou os medicamentos na vítima com o intuito de matá-la, para alegar que o uso do cartão bancário teria ocorrido com o consentimento da idosa
30ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal da 1ª Central de Inquéritos

A Polícia Civil do Rio investiga se outras idosas foram vítimas da auxiliar de enfermagem. Segundo o MP, outra família teria sido vítima de Rosimeri, que foi presa em flagrante no momento em que recebia em casa os produtos adquiridos ilegalmente. A mulher morava em Rocha Miranda, também na zona norte da cidade.

Em depoimento à Polícia Civil, a cuidadora admitiu ter ministrado os medicamentos na idosa.

Cuidadora foi contratada por causa da pandemia

De acordo com o delegado responsável pelas investigações, Hilton Alonso, Rosimeri furtou o cartão da mulher após acompanhá-la em uma casa lotérica. Ela teria gasto R$ 7 mil.

O filho da vítima, que mora em São Paulo, disse que a mãe gozava de boa saúde, sendo totalmente independente, apesar da avançada idade, e que a contratação da cuidadora ocorreu por causa das medidas de isolamento impostas pela pandemia de coronavírus.

"Em março, após a chegada do surto de covid-19, o filho, preocupado por não poder vir com frequência ao Rio e pela restrição de circulação imposta, decidiu em comum acordo com a mãe pela contratação de um serviço de acompanhante de idosos. Após algumas substituições pela empresa contratada, a autora e outra cuidadora passaram a revezar os dias no atendimento a sua mãe", disse o delegado.

Idosa suspeitou da cuidadora

No dia 8 de junho, a idosa ligou para o filho informando o sumiço do cartão e relatando a desconfiança da funcionária. As suspeitas aumentaram quando, em nova ligação, a vítima disse ter escutado Rosimeri no telefone falar com alguém que já havia dinheiro em sua conta e daria para comprar tudo que queria.

No dia 11, a vítima, que também já estava em companhia de uma prima, passou mal e foi internada.

"Embora de plantão, Rosimeri não queria acompanhar a vítima ao hospital e não informou a medicação ministrada", disse o delegado.

Depoimentos

De acordo com uma segunda cuidadora, que revezava o trabalho com Rosimeri, a idosa de 79 anos era ativa, independente e sem histórico de diabetes. Segundo o depoimento, Rosimeri começou a trabalhar na casa em substituição a outra profissional, e após a troca, a idosa passou a ficar sonolenta e debilitada.

O médico que atendeu a idosa no hospital também foi ouvido pela delegacia e, segundo ele, o uso do medicamento Glifage junto com a insulina, quando ministrado em pessoas que não são portadoras de diabetes, causa a queda da glicose, levando a desmaios e ao coma.