Entenda o que é o Bonde do Ecko, milícia mais procurada do Rio
Considerada pela polícia uma das maiores milícias do país, o Bonde do Ecko, antiga Liga da Justiça, é um grupo paramilitar criado há 15 anos na zona oeste do Rio que expandiu os negócios para municípios da Baixada Fluminense e região metropolitana nos últimos quatro anos. Apontado como chefe da quadrilha, Wellington da Silva Braga, o Ecko, está foragido —R$ 10 mil são oferecidos pelo Disque Denúncia por informações que levem a seu paradeiro.
Foi sob o comando de Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, irmão de Ecko, que o grupo passou a costurar alianças com traficantes de drogas e deu início à expansão dos negócios para a Baixada Fluminense em 2016. Com a morte de Três Pontes em uma operação policial no ano seguinte, Ecko assume a quadrilha, que se fortaleceu e continuou em expansão no estado.
Entre quarta (14) e quinta-feira (15), 17 suspeitos de integrar o Bonde do Ecko foram mortos pela polícia em operações policiais na Baixada Fluminense.
Os negócios da milícia
O grupo movimenta ao menos R$ 10 milhões por mês somente na Baixada Fluminense, segundo estimativa do MP-RJ (Ministério Público do Rio). O dinheiro é obtido a partir da exigência de pagamentos de taxas de comerciantes e moradores.
Entre as atividades exploradas, estão o controle de postos de gasolina, transporte irregular (como vans e kombis piratas), venda de botijão de gás e de sinal de internet, clandestino conhecido como "gatonet". A extração de saibro, uma espécie de areia usada na construção civil, também faz parte do negócio.
A ação em condomínios do programa habitacional "Minha Casa Minha Vida", do governo federal, tornou-se uma das mais rentáveis fontes de renda da milícia nos últimos anos. Segundo investigações, há mais de 10 mil unidades habitacionais que passaram a ser exploradas com a expansão da milícia da zona oeste para baixada através de "franquias do crime", instaladas em diferentes pontos do RJ.
A polícia também investiga se os criminosos usam empresas de gás e de terraplanagem para lavar dinheiro do crime.
Estima-se que mais de 2 milhões de pessoas vivam em áreas dominadas pela quadrilha de Ecko, que integra lista dos criminosos mais procurados do país, divulgada pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro.
A sucessão da quadrilha
O suspeito de chefiar a milícia, que tem aliança com o TCP (Terceiro Comando Puro), tem ordem de prisão por homicídio e é acusado por integrar organização criminosa, extorsão, receptação, posse e porte de arma de fogo de uso restrito, lavagem de dinheiro, ocultação de bens, entre outros crimes.
A ascensão de Ecko —que hoje tem 34 anos— ao comando da antiga Liga da Justiça ocorreu após a morte do irmão. De acordo com fontes da Polícia Civil e MP-RJ, ex-PMs estavam na linha de sucessão do grupo, mas acabaram sendo assassinados por Ecko.
Entre os integrantes do grupo, estão ex-policiais, mas o suspeito de chefiá-lo nunca integrou a PM.
A expansão
À frente da organização criminosa, Ecko intensificou a expansão territorial no último ano e fortaleceu sua aliança com o TCP, rival do CV (Comando Vermelho), a maior facção do Rio.
Após conseguir tomar territórios do CV na zona oeste da capital, o Bonde do Ecko avançou rapidamente para a baixada, abrindo "franquias" em parcerias com milicianos que se tornaram seu braço direito. Para a polícia, a aliança com o tráfico foi fundamental para a expansão dos negócios para a baixada.
Já o MP-RJ diz acreditar que a migração do tráfico para a baixada no período de instalações das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) inspirou a milícia a organizar a expansão territorial, com o objetivo de ampliar os lucros.
O Departamento Geral de Polícia da Baixada passou a priorizar investigações contra o grupo. No ano passado, a Polícia Civil, prendeu 107 pessoas suspeitas de integrar a quadrilha.
Segundo a polícia, o Bonde do Ecko tem mais de 400 fuzis à disposição e é responsável pelos crimes de homicídio, ocultação de cadáver, extorsão, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Prisões em festa
Uma das ações policiais contra o grupo que mais repercutiu ocorreu em 2018, quando a Polícia Civil invadiu uma festa em Santa Cruz, na zona oeste do Rio, e prendeu 159 pessoas. Posteriormente, 137 foram soltas por decisão da Justiça do Rio.
Os agentes foram ao local checar uma informação que os dois principais nomes do Bonde do Ecko estariam nesse evento de pagode (que tinha ingressos a R$ 10) —além do líder do grupo, outro alvo da operação era Danilo Dias Lima, o Tandera, apontado como braço direito de Ecko.
No local, os policiais entraram em confronto com seguranças da festa. Enquanto ocorria a troca de tiros, Ecko e Danilo fugiram do local. Os dois são amparados por um forte esquema de segurança.
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