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Hospital que pegou fogo ficará fechado por tempo indeterminado, diz diretor

Incêndio atingiu Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte do Rio de Janeiro, e matou três pessoas - Fernando Salles/AM Press & Images/Estadão Conteúdo
Incêndio atingiu Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte do Rio de Janeiro, e matou três pessoas Imagem: Fernando Salles/AM Press & Images/Estadão Conteúdo

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

28/10/2020 17h49Atualizada em 29/10/2020 01h23

O Hospital Federal de Bonsucesso, no Rio de Janeiro, vai parar de funcionar por tempo indeterminado, disse hoje o diretor do corpo clínico do hospital, o médico Júlio Noronha. A decisão ocorre um dia após o incêndio que atingiu o prédio 1 da unidade e matou três pessoas.

Após uma reunião realizada hoje pelo corpo clínico com a direção do HFB, ficou decido que a maioria dos funcionários vai tirar férias coletivas a partir de novembro. Segundo Júlio Noronha, algumas especialidades, como nefrologia, permanecerão funcionando, porém em outras unidades.

"Quem tirou 20 dias de férias vai ficar mais 10; quem não tirou férias vai tirar integral. Algumas especialidades como nefro [nefrologia] e transplantes não vão parar, justamente porque os funcionários precisam dar assistência aos doentes que precisam desse atendimento contínuo", disse Noronha.

"Alguns funcionários irão fazer cursos de protocolos. Tomamos essa decisão para conseguir afastar os funcionários durante esse tempo que será justamente para verificar como está a estrutura, se ela está abalada. Precisamos também fazer a reforma da parte elétrica", acrescentou.

De acordo com o diretor do hospital, pacientes que fizeram transplantes recentemente no HFB e aqueles que estão na fila para realizar as cirurgias foram transferidos para o Hospital da Lagoa, no Jardim Botânico, na Zona Sul, e dos Servidores, no Centro, juntamente com os profissionais desses setores.

De acordo com a direção, o Hospital Federal de Bonsucesso possui atualmente 3,5 mil profissionais. Segundo o corpo clínico da unidade, ainda não se sabe o que será feito após a volta das férias desses funcionários. É algo que, segundo Júlio Noronha, "a equipe ainda vai analisar".

Bebê foi última paciente transferida

A direção do Hospital Federal de Bonsucesso informou que hoje, por volta das 18h30, foi transferido o último paciente da unidade.

Uma bebê de 1 ano foi levada para o Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio de Janeiro. As transferências de 289 pacientes foram realizadas após recomendação do Corpo de Bombeiros.

Perícia será nos próximos dias

Hoje, a perícia da Polícia Federal esteve no local para verificar a possibilidade de começar os trabalhos, porém, de acordo com Júlio Noronha, o Corpo de Bombeiros vetou a entrada dos agentes ao subsolo, local onde ocorreu o incêndio.

"A Polícia Federal veio aqui hoje e não pôde fazer a perícia, porque os Bombeiros não liberaram, já que ainda está quente e saindo fumaça. Os agentes se reuniram com a direção, pois eles vieram para fazer a perícia, mas a entrada deles ao subsolo foi vetada pelos Bombeiros. Houve uma reunião com a direção e ficou estabelecido que haverá uma colaboração entre todos. A perícia vai ser amanhã, já que a fumaça vai ter diminuído, ou no máximo sexta-feira [30]", explicou Noronha.

A Polícia Federal informou que, apesar de os Bombeiros não terem liberado a área por causa do rescaldo, os peritos já deram início à coleta de informações.

"Barril de pólvora"

O médico Júlio Noronha disse ainda que nos últimos 70 anos nunca houve uma manutenção da parte elétrica do hospital. O diretor do corpo clínico falou que, após o relatório entregue pela Defensoria Pública da União, que apontava o risco iminente de incêndio, eles se deram conta que estavam sentados em um "barril de pólvora"

"A coisa marcante foi o relatório que a Defensoria Pública da União fez junto com o Corpo de Bombeiros no ano passado, dizendo que estávamos sentados em cima de um barril de pólvora, por causa dos transformadores que podiam explodir. Na época, o então diretor Paulo Cotrim mandou um relatório para o Ministério da Saúde, pedindo a reforma e a modernização tanto da parte do subsolo quanto da parte elétrica. Os fios ficavam aparentes, ficavam caindo. A gente esperava que algo pudesse acontecer, mas não esperava que fosse agora. Isso causou muita revolta em todos nós. Eu fiquei triste", disse o médico Júlio Noronha.