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Rádio de Criciúma recebeu ameaças em cobertura de assalto, diz radialista

Luan Martendal

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

01/12/2020 15h19

O radialista Dante Bragatto Neto e o sonoplasta Joel Pereira, da Rádio Eldorado - retransmissora da Rádio Bandeirantes em Criciúma (SC) - precisaram interromper a cobertura ao vivo que faziam do assalto na madrugada de hoje no centro da cidade após receberem ameaças de criminosos.

Segundo o radialista, em uma ligação feita à rádio durante a ação, os suspeitos sugeriram que iriam invadir a emissora caso o apresentador continuasse prestando informações à população e à polícia sobre as mensagens que recebiam dos ouvintes. A ação contou com um grupo de homens fortemente armados, que orquestraram um assalto ao Banco do Brasil, na região central do município.

Em entrevista ao UOL, Dante Bragatto Neto contou que apresentava o "Companhia da Noite", que vai ao ar diariamente das 22h à meia-noite, e pouco antes do final da transmissão foi até a entrada da rádio buscar água, quando ouviu os primeiros tiros vindos da avenida Centenário, onde fica a rádio e o Batalhão da Polícia Militar, um dos primeiros alvos do grupo armado.

Pensando ser uma perseguição policial que já havia cessado, os dois se preparavam para ir para casa quando ouviram as rajadas de submetralhadoras e ficaram ilhados dentro da emissora. "Ainda achávamos que se tratava de uma perseguição. Eram muitos tiros, então voltei para o ar e começamos a transmitir as primeiras informações que chegavam. Eram relatos de pessoas em áudios e vídeos, de gente chorando e pedindo ajuda", recorda.

Na sequência, já com as primeiras comprovações de que se tratava de um assalto, o radialista voltou ao ar e começou a abastecer os ouvintes com notícias. Repórteres locais também foram mobilizados para a cobertura. No entanto, as ameaças à transmissão começaram. "Por volta de 1h15 recebi um telefonema de um colega nosso que disse: saiam daí, porque eles falavam abertamente (em vídeos gravados), que iriam abrir a rádio porque estamos abastecendo de informações a polícia, sobre o que eles (criminosos) estavam fazendo e onde estavam localizados", conta.

Ainda segundo Dante, de início ele duvidou das ameaças, mas logo novos conhecidos o alertaram dizendo ter ouvido a mesma informação. Depois, o radialista conta que o telefone tocou e uma pessoa lhe disse na ligação: "estamos indo aí". Neste momento, a transmissão foi cortada e a programação de rede passou a ocupar a faixa de horário.

"Imediatamente após interromper o noticiário, tive a ideia de desligar as luzes da rádio, que é muito frágil, a estrutura é de vidro. Cerca de três ou quatro minutos depois, a gente observou um carro preto nas características daquele que eu vi em fuga rondando a rádio. Ele chegou a parar na entrada. Eu e o sonoplasta subimos para o segundo andar para se proteger caso houvesse tiros. Na sequência esse veículo saiu e uma camionete cinza seguiu na região", relata.

Os dois funcionários da rádio só conseguiram sair do estúdio por volta das três da manhã, quando os criminosos já haviam deixado a cidade. "Não consegui dormir nada essa noite, a adrenalina estava alta, minha mulher em casa se sentindo mal e preocupada comigo. Logo cedo retornei à rádio e, desde então, estamos fazendo a cobertura do assalto. O clima na cidade é de muito medo, porque foram encontrados 200 quilos de explosivos no local, um cenário assustador", conclui.

A cobertura da Rádio Eldorado foi retomada nas primeiras horas da manhã e segue repercutindo os fatos na cidade, com o programa especial Eldorado Debate, com participação de Renato Semensatti, Dante Bragatto Neto, Sarandi, Reginaldo Corrêa e o Coronel da Polícia Militar Manique Barreto.