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PA: Médicos são indiciados em caso de bebê cuja cabeça teria sido arrancada

Caso aconteceu na Santa Casa de Misericórdia do Pará, no município de Ourém - Pedro Guerreiro/Agência Pará
Caso aconteceu na Santa Casa de Misericórdia do Pará, no município de Ourém Imagem: Pedro Guerreiro/Agência Pará

Luciana Cavalcante

Colaboração para o UOL, em Belém

29/12/2020 20h48

Três médicos que atenderam uma grávida, que teve a cabeça do filho decapitada no parto na Santa Casa de Misericórdia do Pará, foram indiciados pelo crime de homicídio culposo por negligência no atendimento. O caso ocorreu em outubro e a perícia comprovou que a criança morreu por asfixia.

A mãe veio do município de Ourém, nordeste do Pará, com indicação para cesárea, mas a família denunciou que ela foi forçada ao parto normal, mesmo informando que a criança tinha problemas de saúde e com um documento que comprova a necessidade do procedimento cirúrgico.

Um dos médicos que fazia parte da equipe também foi indiciado por falsidade ideológica. Segundo o advogado da família, ele seria o chefe do plantão no dia que a mulher chegou ao hospital. "O inquérito foi concluído e três médicos foram indiciados, sendo um deles do atendimento da triagem; o que realizou o procedimento e; o que deu as coordenadas para a realização do parto, provavelmente o chefe do plantão, que também foi indiciado por tentar incluir informações incorretas e indevidas no prontuário da paciente", revela Ramon Martins.

As informações foram colhidas pela defesa da família junto à Delegacia de Atendimento ao Adolescente (DATA), que comandou as investigações. "Estive com a delegada e, inclusive, solicitei uma cópia do inquérito, que tem quinhentas páginas", disse Martins.

A Polícia Civil informou, através de nota, que o inquérito foi apurado em segredo e confirmou que já foi encaminhado à Justiça. Agora, cabe ao Ministério Público o oferecimento da denúncia.

Para o advogado, o inquérito comprova o que a família sempre questionou. "A negligência médica desde o momento da entrada da paciente até a sua saída, mesmo a acompanhante informando e mostrando o documento (da cesariana). Por algum motivo eles não se atentaram e talvez por esse motivo que causou o fato".

A Fundação Santa Casa do Pará informou que ainda não foi notificada sobre a conclusão do inquérito policial, mas que afastou os profissionais envolvidos e que uma sindicância interna para apurar o caso ainda está em andamento. O nome dos profissionais não foi informado.

A família espera que a justiça seja feita. "A gente espera que os autores que cometeram o crime de fato sejam responsabilizados no final de todo o processo".