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Delegados de SP têm pior salário do país, mostra levantamento de sindicato

15.jul.2013 - Carro do Garra/Deic, da Polícia Civil entra em prédio da Corregedoria em SP - Eduardo Ferreira/Futura Press/Folhapress
15.jul.2013 - Carro do Garra/Deic, da Polícia Civil entra em prédio da Corregedoria em SP Imagem: Eduardo Ferreira/Futura Press/Folhapress

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

04/01/2021 13h44Atualizada em 04/01/2021 18h49

Os delegados de polícia de São Paulo têm o pior salário inicial do Brasil entre as 27 unidades da federação, de acordo com levantamento feito pelo sindicato local e publicado pelo UOL em primeira mão. Os dados foram obtidos com informações de portais da transparência, setores de recursos humanos das secretarias de segurança e diários oficiais.

Segundo o Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de SP), o salário inicial da categoria em São Paulo é de R$ 10.382,48, o pior entre os 26 estados e o Distrito Federal. Como comparação, a que melhor paga é Mato Grosso, com salário inicial de R$ 24.451,11.

"No mesmo mês em que o Sindpesp chegou ao lamentável resultado que colocou os delegados paulistas na lanterna dos salários, o governo mandou para a Assembleia Legislativa um projeto de orçamento de R$ 246,3 bilhões para 2021, que coloca São Paulo disparado como o estado mais rico do Brasil", diz Raquel Kobashi Gallinati, presidente do sindicato.

Como base de comparação, o segundo maior orçamento estadual para 2021 é o de Minas Gerais, com R$ 121,9 bi, ou seja, menos da metade de São Paulo. O salário inicial de um delegado em Minas Gerais é de R$ 12.967,80, segundo o sindicato, ocupando a 22ª colocação entre os estados e do Distrito Federal.

"O resultado do levantamento, concluído no final de dezembro de 2020, aponta a desvalorização da Segurança Pública paulista, em um desmonte que ocorre há mais de anos por parte do governo, mas se acentuou de forma vertiginosa na gestão do governador João Doria [PSDB]", afirma o sindicato em nota.

No último levantamento feito pelo sindicato, em outubro de 2019, o salário inicial dos delegados de São Paulo, de R$ 9.888,37, era o segundo pior do país, atrás apenas de Pernambuco.

Veja o ranking dos salários de delegados do país:

  1. Mato Grosso - R$ 24.451,11
  2. Goiás - R$ 21.615,12
  3. Alagoas - R$ 20.944,97
  4. Rio Grande do Sul - R$ 20.353,06
  5. Pernambuco - R$ 19.793,57 (após 3 anos como delegado substituto)
  6. Maranhão - R$ 18.957,64
  7. Santa Catarina - R$ 18.866,40
  8. Pará - 18.782,69
  9. Amazonas - R$ 18.714,24
  10. Roraima - R$ 18.387,42
  11. Distrito Federal - R$ 18.177,32
  12. Rio de Janeiro - R$ 18.157,73
  13. Paraná - R$ 17.921,62
  14. Mato Grosso do Sul - R$ 17.014,18
  15. Piauí - R$ 16.874,65
  16. Rio Grande do Norte - R$ 16.670,59
  17. Ceará - R$ 16.319,60
  18. Acre - R$ 15.378,00
  19. Tocantins - R$ 15.116,62
  20. Rondônia - R$ 14.267,80
  21. Amapá - R$ 13.651,85
  22. Minas Gerais - R$ 12.967,43
  23. Paraíba - R$ 12.574,35
  24. Bahia - R$ 11.608,71
  25. Sergipe - R$ 11.000,00
  26. Espírito Santo - 10.827,03
  27. São Paulo - R$ 10.382,48

Investigadores e escrivães

Os salários de investigadores e escrivães, levantados pelo Sindpesp, também colocam São Paulo entre os piores salários da federação. Com valor inicial de 3,931,18, estão à frente apenas de Pernambuco, Santa Catarina, Alagoas e Ceará.

A desvalorização salarial é um dos fatores que comprovam o sucateamento da Polícia Civil paulista, que junto com o deficit de policiais e a falta de estrutura apontam a ausência de investimento do Governo na segurança da população.

A Polícia Civil paulista tem previsão de 41.912 cargos. Atualmente, 27.464 estão ocupados, o que representa somente 65,5%. "Faltam 14.448 policiais civis em São Paulo. Ou seja, trabalhamos com recursos humanos 34,5% abaixo do número ideal, o que causa sobrecarga de trabalho, estresse e reflete diretamente na qualidade da segurança para o povo paulista", afirma Raquel Gallinati.

Durante sua campanha eleitoral, o governador Doria prometeu que os policiais paulistas estariam entre os mais bem remunerados do país, de acordo com o sindicato. "Em seu primeiro ano à frente do estado, não houve alteração nos salários. Em janeiro de 2020, foi oferecida uma recomposição salarial ínfima, de 5%", diz a entidade.

A presidente do sindicato afirma que, com a pandemia do novo coronavírus, Doria justificou que não poderia conceder reposição salarial. "Pelo descaso do governo, não temos condições para fazer o trabalho que a população de São Paulo merece, que é um trabalho de excelência", afirmou Raquel.

Além disso, os salários de investigadores e escrivães paulistas também estão entre os piores do país, de acordo com o sindicato. Com valor inicial de 3,931,18, estão à frente apenas de Pernambuco, Santa Catarina, Alagoas e Ceará. Veja:

Investigadores:

  1. Amazonas - R$ 9.613,14
  2. Distrito Federal - R$ 9.394,68
  3. Pará - R$ 7.729,65
  4. Rio Grande do Sul - R$ 6.366,80
  5. Piauí - R$ 5.906,12
  6. Tocantins - R$ 5.843,86
  7. Rio de Janeiro - R$ 5.809,58
  8. Goiás - R$ 5.767,18
  9. Mato Grosso - R$ 5.546,54
  10. Espírito Santo - R$ 5.493,77
  11. Paraná - R$ 5.478,49
  12. Acre - R$ 5.000,00
  13. Amapá - R$ 4.975,00
  14. Maranhão - R$ 4.957,20
  15. Rio Grande do Norte - R$ 4.731,91
  16. Rondônia - R$ 4.706,56
  17. Roraima - R$ 4.552,75
  18. Mato Grosso do Sul - R$ 4.527,80
  19. Sergipe - R$ 4.500,00
  20. Paraíba - R$ 4.218,31
  21. Minas Gerais - R$ 4.168,10
  22. Bahia - R$ 3.969,56
  23. São Paulo - R$ 3.931,18
  24. Pernambuco - R$ 3.900,00
  25. Santa Catarina R$ 3.842,20
  26. Alagoas - R$ 3.800,00
  27. Ceará - R$ 3.732,86

Escrivães:

  1. Amazonas - R$ 9.613,14
  2. Distrito Federal - R$ 9.394,68
  3. Pará - R$ 7.729,65
  4. Rio Grande do Sul - R$ 6.366,80
  5. Santa Catarina - R$ 6.314,70
  6. Piauí - R$ 5.906,12
  7. Tocantins - R$ 5.843,86
  8. Rio de Janeiro - R$ 5.809,58
  9. Goiás - R$ 5.767,18
  10. Paraná - R$ 5.752,41
  11. Mato Grosso - R$ 5.546,54
  12. Espírito Santo - R$ 5.493,77
  13. Acre - R$ 5.000,00
  14. Maranhão - R$ 4.957,20
  15. Amapá - R$ 4.839,53
  16. Rio Grande do Norte - R$ 4.731,91
  17. Rondônia - R$ 4.706,56
  18. Roraima - R$ 4.552,75
  19. Mato Grosso do Sul - R$ 4.527,80
  20. Sergipe - R$ 4.500,00
  21. Paraíba - R$ 4.218,31
  22. Minas Gerais - R$ 4.168,10
  23. Bahia - R$ 3.969,56
  24. São Paulo - R$ 3.931,18
  25. Pernambuco - R$ 3.900,00
  26. Alagoas - R$ 3.800,00
  27. Ceará - R$ 3.732,86

Sucateamento

"A desvalorização salarial é um dos fatores que comprovam o sucateamento da Polícia Civil paulista, que, junto com o déficit de policiais e a falta de estrutura, apontam a ausência de investimento do governo na segurança da população", afirma o sindicato.

A Polícia Civil paulista tem previsão de 41.912 cargos. Atualmente, 27.464 estão ocupados, o que representa 65,5%. "Faltam 14.448 policiais civis em São Paulo. Ou seja, trabalhamos com recursos humanos 34,5% abaixo do número ideal, o que causa sobrecarga de trabalho, estresse e reflete diretamente na qualidade da segurança para o povo paulista", diz Raquel Gallinati.

Posição da SSP

Procurada, a SSP (Secretaria da Segurança Púlbica) afirmou investir na valorização, ampliação e recomposição do efetivo policial em todo o Estado. "A atual gestão reajustou em 5% o piso salarial dos policiais, equiparou o auxílio alimentação dos agentes, além de ter ampliado a bonificação por resultados, que passa a ser bimestral", disse.

Ainda segundo a pasta, "em dezembro, mais de R$10 milhões foram pagos em bonificação referente ao 1º bimestre de 2020 para as polícias do Estado. Além dos 600 investigadores nomeados no dia 30 de dezembro, outros 288 policiais civis serão nomeados em janeiro".

"Somente nesta gestão foram contratados mais de 9,8 mil policiais, sendo 1.323 civis. Todos já estão em plena atividade, reforçando a segurança no Estado. Outros 910 profissionais estão atualmente em formação, 218 deles são policiais civis, e em breve estarão atuando em defesa da população paulista", complementou a SSP.