RJ: Jornal diz que PM destruiu celular usado em reportagem no Alemão
Uma equipe do jornal Voz das Comunidades, do Rio de Janeiro, acusa policiais militares de quebrarem o celular que um repórter cinematográfico usava para registrar a situação do Complexo do Alemão na manhã de hoje. A Polícia Militar do Rio realizava hoje uma ação na localidade conhecida como "Área 5", quando, segundo agentes da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) Fazendinha, os PMs se depararam com indivíduos armados que fizeram disparos e houve confronto.
O repórter cinematográfico Renato Moura acompanhava a ação da PM. Em um determinado momento, segundo o jornal, os policiais o revistaram e quebraram o celular que era utilizado para realizar as reportagens. O jornalista disse ainda que os agentes falaram que "o Voz só fala mal da polícia para ganhar fama". Uma outra repórter, do mesmo veículo, chegou a ocultar as imagens que havia feito no celular pessoal.
O fundador do Voz das Comunidades, Rene Silva, conversou com o UOL e disse que não foi a primeira vez que isso aconteceu e considera a atitude da Polícia Militar como uma ameaça.
"Não foi a primeira vez. Em outubro de 2016, nós estávamos gravando uma ocupação de moradores de um terreno e aí a polícia chegou para fazer a desocupação daquele espaço. Estávamos mostrando ao vivo isso nas redes sociais do Voz, e os policiais não gostaram de termos mostrado e pediram pra gente parar de gravar. Dissemos que não íamos parar de gravar, porque a gente estava fazendo nosso trabalho de comunicação pra comunidade. Foi quando eles apreenderam os nossos celulares, nos algemaram e levaram a gente pra delegacia. Não foi a primeira vez que esse tipo de coisa acontece com a equipe do Voz", disse Rene.
"A gente enxerga isso como uma grande ameaça, é muito grave. A nossa equipe de reportagem ser abordada dessa forma e receber essa fala de um servidor público, ainda mais um policial. A gente está pensando até de criar alguns protocolos novos de segurança
Rene Silva, fundador do Voz das Comunidades
O caso foi registrado na 22ª DP (Penha). O delegado titular, Wellington Silva, disse ao UOL que os PMs envolvidos serão chamados para depor e imagens do local serão colhidas.
"Estamos no começo [da investigação]. Agora tiveram as oitivas do pessoal da imprensa. Depois vamos verificar se tem imagens. Os PMs que atuaram serão convocados em seguida. O caso foi registrado como Crime de Dano e talvez abuso, vou avaliar", disse o delegado.
O que diz a Polícia Militar
Por meio de nota, a PM informou que "os policiais militares relataram que durante a saída da localidade houve discussão com integrantes de um coletivo local, envolvendo possível exposição da imagem dos policiais que fizeram a ocorrência acima mencionada. Isto representou uma ameaça para os agentes, que retiveram o celular que fazia a filmagem". A corporação disse ainda que a "Coordenadoria de Polícia Pacificadora também irá apurar o caso em conjunto com a Corregedoria".
Em relação à ação de hoje no Complexo do Alemão, a PM disse que um fuzil calibre 556 foi encontrado e apreendido durante vasculhamento no local e que, até o momento, não há registro de prisões ou relatos de possíveis feridos. A corporação finalizou a nota dizendo que a "Secretaria de Estado de Polícia Militar reitera seu compromisso com a apuração dos fatos e sua consideração para com os profissionais da área de comunicação".
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