Casais de idosos se apaixonam e se casam no asilo onde moram em MG
Uma história inspiradora, que mostra a possibilidade do amor a qualquer tempo. Essa é a visão da presidente do Lar Maria Clara, Ângela Campos, sobre os dois casamentos realizados ontem na instituição, localizada em Contagem (MG).
Antônia Almeida, de 81 anos, e Geraldo Bercia, de 69 anos, nunca haviam se casado, mas ambos sonhavam com esse dia, segundo Ângela. Antônia, inclusive, viveu uma história triste, com a morte de um namorado, e ainda guarda uma foto dele, mas não se fechou para o amor.
Já Neide Samos, de 68 anos, é divorciada e tem dois filhos. O marido dela, Rodrigo Bethonico, de 84 anos, tem três filhos.
A trajetória de união e afeto dos dois casais foi impulsionada pelo isolamento social, provocado pela pandemia do novo coronavírus. As restrições relacionadas à convivência com pessoas de fora da instituição fizeram com que os idosos se observassem com mais atenção.
"Com a pandemia, eles ficaram mais reclusos, realizando atividades internas. Isso possibilitou que se olhassem mais, se observassem mais, e fossem construindo essa história", conta Ângela.
A cerimônia de casamento contou com tudo o que se tem direito: desde vestidos brancos, véu e grinalda, passando pelos noivinhos no topo do bolo, e até damas de honra — todas idosas que moram na instituição — vestidas de vermelho. O evento foi fechado para os moradores, mas familiares puderam acompanhá-lo por videochamada. São, ao todo, 60 idosos no Lar Maria Clara, sendo 33 homens e 27 mulheres.
Agora, os dois casais são só cuidados uns com os outros. Os desafios relacionados à terceira idade ficaram mais suaves com os relacionamentos. No caso de Bercia, por exemplo, como ele tem restrições de mobilidade, Antônia acorda e já vai até ele para saber como está.
"Nos dois casos, é aquela história da atenção, afeto, respeito. O marido cuidando da esposa e a esposa cuidando do marido. É a relação sublime do amor", diz Ângela.
Raridade
Apesar de todo o encanto que vem provocando, histórias como a de Antônia, Geraldo, Neide e Rodrigo não são tão fáceis de encontrar. De acordo com a presidente do Lar Maria Clara, essa é a primeira vez que casamentos são realizados na casa, em quase 100 anos. Porém, diz ela, o caso "acendeu uma luz lá dentro" e "o amor está no ar".
"Sempre trabalhamos com a perspectiva da esperança. A vida é vida sempre. Não é a idade, a condição de institucionalização, que podam a possibilidade de amor", afirma ela.
Mas, claro, isso não quer dizer que todos tenham necessariamente que se casar em algum momento da vida. Ângela conta que alguns idosos não veem a possibilidade de um romance lá dentro e buscam algo fora. Outros já não têm mesmo esse foco. "Há aqueles que têm uma relação despreocupada com isso e que também são felizes", diz ela.
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