Família se desfaz de porco de estimação por ordem da Vigilância Sanitária
Uma família de Água Clara (MS), a 190 km de Campo Grande, foi obrigada a se livrar de seu animal de estimação inusitado: em vez de um cachorro ou um gato, eles criavam um porquinho, que vivia na casa desde o nascimento.
Ao UOL, a proprietária do porquinho, Michele da Conceição, explicou que a Vigilância Sanitária da cidade visitou sua casa no último dia 22, alegando uma denúncia. Inicialmente o "alvo" do chamado não era o pet incomum, e sim as galinhas criadas no quintal da família, proibidas na cidade.
Os fiscais teriam recebido a informação de vizinhos, que se incomodaram com a presença das galinhas na propriedade da família, que se mudou para a casa em Água Clara neste ano.
Depois de algumas ligações, os agentes sanitários decidiram ver o caso de perto. Já na casa de Michele, onde a jovem de 29 anos vive com o marido e dois filhos, eles se depararam também com o porquinho e foram taxativos: ela teria de se livrar do pet, já que o Código de Posturas proíbe a criação desse tipo de animal na zona urbana da cidade.
Mas Michele alega que sempre criou o bicho — batizado de José — no seio familiar, o que não seria encoberto pelo código, que destaca o veto apenas à criação caseira para fins de venda e alimentação.
"Ele nasceu no dia 4 março de 2020. Ele rejeitou a mãe dele, então peguei ele para cuidar. Como ele era pequeno, tratei na 'chuquinha', depois na mamadeira", contou a mulher, que garante que tanto ela quanto o marido e os filhos são apaixonadas pelo animal.
"Morávamos na chácara e fui embora para uma fazenda perto de Paranaíba (também em Mato Grosso do Sul). Não conseguimos nos acostumar com a região, então voltamos para Água Clara. Como eu tinha os bichos, eu optei por alugar uma casa no Núcleo ao invés de ir direto para a minha", concluiu.
Moradora tentará liminar
Apesar das brechas, ao receber a notificação sobre a retirada do porco, sob pena de multa e tomada da "guarda" do porquinho pelos fiscais, ela decidiu entregar o pet a uma familiar.
Questionada, Michele confirmou que o levou para uma prima que vive em uma fazenda, onde poderá visitar José com frequência. Mesmo assim, ela conta que toda a família está triste. "Eu estou meio estressada e muito triste Não estou querendo falar disso agora, preciso esfriar um pouco a cabeça para saber como vou recorrer daqui pra frente", desabafou.
A mulher ainda explicou ao UOL que chegou a fazer contato com um advogado, mas que desistiu da ideia por conta dos custos altos dos honorários. Sem desistir da ideia de reaver o bicho, ela afirmou que irá procurar a Defensoria Pública ainda essa semana para tentar conseguir uma liminar para voltar a viver com o porquinho.
Procurada, a Prefeitura de Água Clara explicou, por meio da assessoria, que a decisão da Vigilância Sanitária foi em cumprimento da lei e explicou a motivação da legislação.
"Uma das maiores empresas da cidade, da área avícola, proíbe os funcionários de terem proximidades com alguns animais, inclusive porcos, podendo até haver demissão e por isso, outra gestão da prefeitura fez essa lei", explicou a assessora, Gerciellen Lacerda Lima de Sá.
"Não queremos que ninguém se livre de seu animal, mas precisamos preservar o emprego de um pai de família", lembra antes de explicar a decisão. "Ela não precisa sacrificar o animal e nem nada do tipo, só precisava deixar em um local fora da área urbana, da confiança dela", concluiu.
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