Tios disputam guarda de trigêmeos que perderam mãe, avó e tia para covid
O drama dos trigêmeos que perderam a mãe, uma tia e a avó para a covid-19 em Parisi (SP) ganhou novos capítulos nos últimos dias. A tia paterna das crianças de seis anos, Simone Santos Ferreira, entrou na justiça pela guarda dos menores que, até este momento, estão com o tio materno, Douglas Junior Faria.
Ao UOL, Simone explica que sempre quis ficar com as crianças. "Desde o início ninguém quis abrir mão, mas a gente não ia brigar. Ficou tudo combinado de eu pegar no fim de semana, mas ele não deixava por conta de entrevista", garante lembrando que não é uma estranha na vida dos trigêmeos. "Eu fui presente na vida deles desde pequenos. Eles moravam na esquina de casa", diz.
Simone conta ainda que não gosta de ver os sobrinhos expostos em tantas entrevistas que o tio tem marcado. "Uma das crianças me falou que estava chateado porque teve de acordar cedo para dar entrevista", revela, afirmando ainda que os meninos deveriam estar assistidos. "Elas precisam de acompanhamento psicológico".
O caso veio a público nesta semana, o que chateou Simone. "Não tem a ver com a doação, se eu ganhar eles vão continuar na escola, mesmo sendo em outra cidade", revela. Ela se refere ao fato dos trigêmeos terem conseguido bolsa integral numa escola particular de Votuporanga (SP), local onde reside o tio, até o fim do Ensino Médio.
A respeito das doações, Simone fala porque Douglas iniciou uma vaquinha on-line para ajudar na criação dos sobrinhos. O objetivo era de arrecadar R$ 90 mil, mas restando três dias para o encerramento, já foram arrecadados mais de R$ 236 mil. A irmã da mãe das crianças diz que o desejo da mãe das crianças era que ficassem com ela. "Eu ia ficar com as crianças quando elas saíssem do isolamento, inclusive a Ana Paula me ligou e pediu para eu ficar com as crianças", revela.
O UOL também conversou com Douglas, que deu sua versão para o caso. "Eu decidi ficar com os trigêmeos porque meu pai me procurou para saber o que seria das crianças, sem pai e sem mãe", revela. Antes de perder a mãe, no ano passado, os meninos ficaram órfãos do pai, que morreu num acidente de trânsito.
Segundo Douglas, ele chegou a procurar a irmã do cunhado. "Eu disse a ela que ficaria com os meninos e ela concordou. Para mim, ela disse que só ficaria com ele se a justiça decidisse separá-los", conta.
O irmão de Ana Paula conta ainda que, após a repercussão do caso, Simone o procurou. "Ela disse que iria brigar pela guarda dos bebês porque ouviu uma voz dizendo para ela fazer isso e a voz era do irmão dela".
Na versão dele, houve uma tentativa de acordo. "Eu falei para ela que queria compartilhar, ela ficaria nos finais de semana. Os meninos já foram para a escola ontem, eles estão adaptados aqui", garante.
O caso foi parar na Justiça e ainda está no início do processo. Segundo Douglas, há um pedido de bloqueio da vaquinha. "Ela pediu para que os valores arrecadados fiquem bloqueados", acusa.
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