MA: Suspeito de jogar agrotóxico em comunidades terá que pagar gasto médico
O juiz Galtieri Mendes de Arruda determinou ontem em decisão liminar que o fazendeiro Gabriel Introvini pague por todas as despesas médicas por ao menos 30 dias em duas comunidades de Buriti, no Maranhão, que teriam sido atingidas por agrotóxicos despejados por um avião.
Gabriel também foi proibido de promover novos sobrevoos com agrotóxicos na região até que apresente uma licença ambiental.
O caso começou a repercutir depois que o advogado Diogo Cabral divulgou em suas redes sociais um vídeo que mostra um avião sobrevoando a região de Araçá e Carranca, entre os dias 19 e 22 de abril.
Nesse período, ao menos nove pessoas, inclusive idosos e crianças, teriam sido atingidas e intoxicadas por agrotóxicos lançados pela aeronave. Um menino de 7 anos teve feridas em várias partes do corpo.
A liminar foi concedida atendendo pedido da Defensoria Pública do Maranhão, mas a Polícia Civil ainda investiga o caso. O juiz estipulou que o fazendeiro arque com o atendimento médico dos moradores da comunidade Carrancas por um período mínimo de 30 dias, além de pagar eventuais exames clínicos.
Para a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e a Defensoria Pública do Maranhão, o avião que aparece no vídeo pertence a Gabriel Introvini e é utilizado para lançar agrotóxicos em uma fazenda que produz soja.
O advogado que divulgou as imagens explicou que o agrotóxico usado atingiu diversas casas. "Ao que indica, foi o herbicida para dessecação de soja para colheita (o agrotóxico lançado pelo avião) e o veneno atingiu diversas casas da comunidade Araçá. Mas precisa ser confirmado", contou Diogo Cabral, que também representa a Federação dos Trabalhadores Rurais do Maranhão.
O fazendeiro investigado também tem histórico de conflito com comunidades na região e foi multado em R$ 273 mil por "atividade potencialmente poluente, pulverização na lavoura com uso de aeronave, sem licença da autoridade competente", logo após a divulgação do vídeo.
Apesar dos indícios, ainda não há um inquérito concluído sobre o caso, que está sendo investigado pela Delegacia de Buriti. Mesmo assim, de forma liminar, a Justiça decidiu que Gabriel deve arcar com as despesas médicas nas comunidades.
"Foi ele [Gabriel] que foi autuado pela SEMA. A Diocese me informou também que foi ele. Os moradores afirmam ter sido ele. Não acredito que ele tenha mandado jogar veneno nas pessoas. Mas, ao que tudo indica, foi na execução do serviço no interesse dele que os danos ocorreram", afirmou ao UOL o defensor público Jean Nunes, que fez o pedido à Justiça.
O UOL entrou em contato com Gabriel Introvini para falar sobre as acusações da comunidade e da Defensoria Pública, além da decisão judicial, mas ele não respondeu às mensagens.
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