Jacarezinho: Dos 27 mortos, só 4 eram alvo de operação policial na favela
Dos 27 mortos na operação mais letal da história do Rio de Janeiro, quatro estavam entre os alvos da investigação da Polícia Civil. Outros três investigados foram presos durante a operação ocorrida na última quinta-feira (6).
As informações foram confirmadas pelo UOL com base em relatório de inteligência da Polícia Civil e em informações fornecidas pela instituição. Três dos presos tinham mandados de prisão expedidos pela Operação Exceptios, que investigava o tráfico de drogas no local.
Richard Gabriel da Silva Ferreira, 23, era olheiro do tráfico de drogas, segundo a investigação.
Isaac Pinheiro de Oliveira, 22, Romulo Oliveira Lucio, 29, e Raian de Oliveira Lopes, 21, eram apontados como integrantes do braço armado da organização criminosa, "cujo objetivo era proteger com arma de fogo de grosso calibre o interior da comunidade do Jacarezinho", cita a denúncia do MP-RJ (Ministério Público do Rio).
A reportagem constatou contudo que menos da metade dos mortos (12) possuíam antecedentes criminais ligados ao tráfico de drogas —incluindo anotações como menor infrator. E, dos 27 mortos na operação, ao menos dois não possuíam anotações, mas o relatório anexou depoimentos de parentes que indicam suposta relação com o tráfico de drogas.
Ação legítima, diz documento da Polícia Civil
No documento, a Polícia Civil reforça a tese de que a ação foi "legítima" e inclui a lista dos mortos, apresentados como "elementos que atentaram contra o Estado" com base em fotos colhidas em redes sociais e fichas criminais.
Não há no relatório de inteligência da entidade informações sobre a perícia no local —feita para determinar a dinâmica das ações que resultaram em morte— ou sobre apreensões das armas usadas pelos policiais civis que participaram da ação. Mais de 200 agentes integraram a operação.
O documento ainda inclui uma lista com 24 armas apreendidas —cinco fuzis, uma submetralhadora, duas espingardas e 16 pistolas.
Agressões, assassinatos e corpos carregados, denunciam presos
Em audiência de custódia acompanhada pela Defensoria Pública, os suspeitos presos apresentavam marcas físicas de violência e disseram ter sido obrigados a carregar corpos, desfazendo a cena do crime, segundo a Folha de S.Paulo —a informação foi confirmada pelo UOL.
Um dos presos disse ter visto policiais atirando em dois homens desarmados dentro de uma casa na favela do Jacarezinho. Eles denunciaram à Defensoria Pública terem sido agredidos a socos, chutes e coronhadas desferidas pelos policiais. Informaram ainda terem sofrido ameaças de morte.
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