Kathlen não foi um caso isolado, diz diretora do Instituto Fogo Cruzado
A jornalista Cecília Olliveira, diretora do Instituto Fogo Cruzado, que ajuda a mapear a incidência de tiroteios no Rio de Janeiro, disse hoje que a morte da grávida negra Kathlen Romeu "não foi um caso isolado". Aos 24 anos, Kathlen estava grávida de quatro meses e morreu ontem após ser baleada no Complexo de Lins, na zona norte do Rio.
Cecília comentou o caso de Kathlen em participação no UOL News, e lembrou estatísticas do Instituto Fogo Cruzado, que apontam 15 grávidas baleadas na Região Metropolitana do Rio desde 2017. Destas, além de Kathlen, outras sete mulheres morreram.
Esse número mostra para a gente que a Kathlen não foi um caso isolado, não é uma exceção, porque não existem 15 exceções, 15 grávidas baleadas nesses últimos cinco anos.
Cecília Olliveira, diretora do Instituto Fogo Cruzado
A jornalista atribuiu as mortes à política de segurança pública do Rio, citando ainda os dados de mortes dos bebês que estavam na barriga das grávidas baleadas. Foram dez atingidos desde 2017, e apenas um deles sobreviveu.
"A pergunta que fica é por que a gente naturalizou isso, por que a gente não mudou essa situação ainda", afirmou Cecília. "A gente precisa de uma política de segurança pública que tenha foco na preservação das vidas", acrescentou.
A diretora do Fogo Cruzado ainda afirmou que é preciso "cobrar respostas" sobre o caso, para que "a gente não veja outra Kathlen daqui a pouco".
Sobre a morte da grávida, a Polícia Militar afirma que Kathlen foi encontrada ferida após um confronto entre policias e criminosos. Segundo a corporação, o tiroteio teve origem no Beco do 14.
A Delegacia de Homicídio da Capital ficou responsável por apurar de onde partiu o disparo que matou a jovem.
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