Jovem grávida é morta a tiros dentro de casa em SC; ex-namorado é suspeito
Uma jovem de 19 anos de idade foi morta a tiros na tarde de hoje na cidade de Lages, a 230 quilômetros de Florianópolis. Ana Julia dos Santos Floriano foi assassinada no apartamento onde morava, no centro da cidade, e o principal suspeito do crime é o ex-namorado dela, um homem de 34 anos, que está foragido.
De acordo com a Polícia Militar (PM), a mulher estava grávida de aproximadamente dois meses. Segundo a polícia, uma testemunha, que presenciou o crime e não teve a identidade divulgada, relatou que estava com a vítima em um quarto do imóvel, por volta das 12h30, quando ambos escutaram um forte barulho vindo do corredor do apartamento.
Ainda conforme a testemunha, o ex-namorado de Ana Julia invadiu o local e começou a discutir com a vítima. Segundo o B.O (Boletim de Ocorrência), na sequência, o suspeito do feminicídio teria começado a agredir a ex-companheira, que tentou se defender com um fio, de material não identificado.
"Houve um momento de silêncio e a vítima pediu para que ele fosse embora, mas ele ameaçou arrancar os seios dela. Além disso, mencionou que sairia dali preso, pois a mataria", contou a testemunha.
Depois das agressões, as vítimas chegaram a ficar novamente sozinhas no imóvel e acreditaram que o homem havia saído do prédio, mas ele com uma arma de fogo em mãos efetuou entre dois e três disparos contra Ana Julia, fugindo do local em seguida.
Logo após o crime, a testemunha, que tentou se proteger se jogando no chão e não se feriu, correu até a rua em frente ao prédio para pedir socorro e conseguiu acionar a polícia. Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) também foi acionada, mas a mulher não resistiu aos ferimentos e morreu ainda no local.
De acordo com a PM, a motivação do crime teria sido o fato de o ex-namorado de Ana Julia não ter aceitado o término do relacionamento entre ele e a vítima. Na tarde de hoje, a Polícia Militar seguia nas buscas pelo suspeito, mas ele ainda não foi encontrado.
O UOL tentou contato com a Delegacia de Polícia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMI) de Lages, que está investigando o caso, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem. O Instituto Geral de Perícias (IGP) também fez perícia no local e encaminhou o corpo da jovem ao Instituto Médico Legal (IML).
Morte gera manifestações
A Organização Sem Fins Lucrativos "Feminicídio - Parem de nos matar" lamentou a morte de Ana Julia Floriano em publicação nas redes sociais e lembrou que este é o segundo caso de feminicídio na cidade de Lages (SC) em menos de duas semanas.
Dados do Mapa da Violência apontam a cidade catarinense como uma das mais violentas para mulheres no país. No último levantamento, em 2010, o município apresentava um índice de 14,9 homicídios por 100 mil mulheres (17º no Brasil).
A morte da jovem também gerou manifestações de amigos e moradores de Lages nas redes sociais.
"Amiga, não consigo acreditar, estou sem chão! Você era a minha irmã, nossa conexão era a melhor de todas, obrigada por tudo o que vivemos juntas. Tiraram você de mim, é uma dor imensa. Te amo para sempre", escreveu uma amiga de Ana Julia. "Menina linda, com a vida inteira pela frente...Deus tenha misericórdia", manifestou outra internauta.
De acordo com informações do Executivo de Lages, a cidade está implementando o projeto da Rede de Proteção e Enfrentamento às Violências Contra as Mulheres, que será executado com verba federal do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
O projeto irá focar no combate da violência doméstica que, de acordo com o Art. 5º da Lei Maria da Penha, se caracteriza por "qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial".
Números de denúncia de violência contra a mulher
Deve ser acionado em caso de flagrante ou em que a situação de violência esteja ocorrendo naquele momento.
Pode ser usado para denunciar anonimamente a violência. As informações serão conferidas pela polícia.
A Central de Atendimento à Mulher funciona 24 horas. A ligação é gratuita, anônima e disponível em todo o país.
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