Polícia diz que mulher presa é suspeita de chefiar tráfico na Cracolândia
A Polícia Civil de São Paulo prendeu hoje de manhã uma mulher apontada como suspeita de chefiar o tráfico de drogas na Cracolândia, região central de São Paulo. Além dela, outras quatro pessoas foram detidas em uma operação das forças de segurança.
A ação é um desdobramento da Operação Caronte, que mapeou as ações do PCC (Primeiro Comando da Capital) em uma das áreas mais lucrativas de atuação do crime organizado, capaz de gerar um lucro de cerca de R$ 200 milhões por ano. A investigação, que já resultou na prisão de cerca de 20 pessoas desde junho deste ano, mira um esquema da facção criminosa que recruta mulheres para despistar as ações da polícia.
Uma força-tarefa com a participação de cerca de 300 homens da Polícia Civil, Polícia Militar e Guarda Civil Metropolitana cumpriu 23 mandados de prisão temporária e outros cinco mandados de busca e apreensão em uma ação iniciada por volta das 7h de hoje com o apoio de dois veículos blindados. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, dois dos detidos eram foragidos da Justiça.
Selma Regina Lourenço, conhecida na Cracolândia como "Abelha Rainha", tem antecedentes criminais por tráfico de drogas, segundo a Polícia Civil. Ela é apontada pela investigação como responsável por chefiar a venda de drogas na região. A Polícia Civil ainda não repassou informações sobre as outras quatro pessoas presas na operação.
Segundo os agentes que monitoraram a região, Selma revende drogas a outros traficantes da região e ainda administra uma das tendas, onde comercializa cocaína, crack e maconha. O UOL não localizou os representantes dela para que se manifestassem sobre o caso.
PCC recrutava mulheres para despistar ações
Vídeos obtidos pelo UOL que fazem parte da investigação registraram a presença de mulheres de perfis variados e em funções de liderança na hierarquia do crime. Oito mulheres foram presas nos últimos dois meses pela Operação Caronte.
Detida há dois meses, Lorraine Bauer Romeiro, a influenciadora digital de 19 anos conhecida como a "gatinha da Cracolândia", veio de uma família de classe média alta de Barueri, região metropolitana de São Paulo, para administrar a venda de entorpecentes em uma das tendas na feira livre das drogas, segundo a Polícia Civil.
Para os investigadores, o negócio era rentável, com lucro de té R$ 6.000 por dia. Em entrevista à Record, Lorraine negou envolvimento com o tráfico.
"Não [sou traficante]. Sou usuária. Nunca vendi, só ia para comprar", disse. "Tudo que está acontecendo na minha vida é uma injustiça. A pior coisa do mundo é ser acusada por coisas que você não fez. Nada daquilo era meu. Não sou chefe de crime de tráfico nenhum", complementou.
Ela contudo foi flagrada em imagens obtidas pela Polícia Civil enquanto vendia drogas em uma das tendas da Cracolândia.
Presa no mês passado, Daniela Alves dos Santos, 29, é suspeita de receber dinheiro de um dos chefões do PCC na região. O nome dele vem sendo mantido em sigilo, para não atrapalhar as investigações.
Natália Soares dos Santos, de 25 anos, foi presa no dia 24 de junho quando tentava, segundo a polícia, fugir para Curitiba (PR) com o companheiro e comparsa Elias Oliveira Santos em um carro de luxo. Com eles, os agentes encontraram uma pequena quantidade de maconha e mais de R$ 67 mil em dinheiro vivo.
Mas nem todas as mulheres identificadas pela investigação circulam sem despertar suspeitas por serem jovens e bem vestidas. A polícia identificou na Cracolândia a atuação de mulheres mais velhas.
É o caso, por exemplo, de Paula Pimentel Sampaio, de 53 anos, presa desde 13 de junho após ser encontrada em uma área invadida com dois tijolos de crack, balança de precisão, máquina para pagamentos em cartão e facas.
Há um número expressivo de mulheres ligadas ao tráfico na Cracolândia em funções inclusive de liderança naquele local. Os perfis são variados. Nós identificamos jovens como a Lorraine, que ficou conhecida como a 'gatinha da Cracolândia', e até idosas. Elas têm importância significativa, o que é até surpreendente. Porque não é comum a figura feminina tão em evidência em áreas dominadas pelo crime organizado. O tráfico passou a recrutar mulheres porque elas chamam menos a atenção das forças policiais"
Delegado Roberto Monteiro, da Delegacia Seccional Centro
O crime que mais leva mulheres à prisão em São Paulo é o tráfico de drogas. Os números da Secretaria Estadual da Administração Penitenciária mostram que neste ano 59,19% da população carcerária feminina estava presa porque cometeu esse tipo de crime no estado. Outras 13,89% foram presas por roubo; 8,42% por homicídio e 5,87% por furto.
O UOL não localizou os representantes das mulheres presas citadas na reportagem para que se manifestassem.
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