MG: Chuva mantém risco de barragem romper e famílias ilhadas há três dias
Famílias que moram na Fazenda Condessa, no povoado de São João de Cima, em Conceição do Pará (MG), estão ilhadas há três dias e sem previsão de deixar o local. Ainda há risco de rompimento da barragem da Usina do Carioca, no município de Pará de Minas, e o nível dos rios continua alto após as fortes chuvas que atingiram a região no domingo (9).
A recomendação das autoridades é para que as famílias permaneçam em casa, ainda que estejam fora do fluxo de deslocamento das águas em caso de rompimento. Como a barragem — responsabilidade da empresa Santanense— pode romper a qualquer momento, pessoas que estão próximas a rios são potenciais vítimas.
As famílias que moravam no caminho da água foram retiradas de suas casas pela Prefeitura de Pará de Minas.
De acordo com o morador Jesus Aparecido Estrela, 49, choveu tanto que o rio São João encheu como nunca antes. Morador da Fazenda Condessa e funcionário da empresa dona do terreno, ele afirma que sentiu muito medo quando viu a água tomar as ruas e a fazenda.
"Mesmo sabendo que estava seguro [caso a barragem rompesse], eu fiquei com medo, sim. Eu nunca tinha visto o rio subir tanto e tão rápido. Em menos de um minuto, a água subia um palmo, só para ter uma ideia", contou ele à reportagem do UOL.
Ontem, o prefeito Elias Diniz (PSD), de Pará de Minas, alertou que o volume dos rios pode subir ainda mais caso haja rompimento da barragem do Carioca —o que ainda corre o mesmo risco de acontecer, já que as chuvas continuam na cidade.
A energia elétrica está escassa desde as chuvas de domingo: só é possível ter acesso graças ao gerador da fazenda, que opera de forma intermitente para as seis famílias ali residentes. Outros moradores do povoado sequer têm esse suporte.
Com medo, Jesus mantém sua esposa, filha, genro e dois netos em casa, por segurança. O trabalho na fazenda está parado. "Está tudo ilhado. Nada de pior aconteceu, mas na primeira noite eu não dormi, com medo de acontecer alguma coisa", conta.
De acordo com Jesus, o Corpo de Bombeiros tem ido diariamente de helicóptero ao povoado para levar água, remédios e mantimentos.
Pará de Minas emite alerta e risco de rompimento continua
Pará de Minas está em estado de emergência desde ontem devido ao risco de rompimento da barragem e em razão de danos na cidade.
A água da represa está vertendo dos lados e por cima, de acordo com o Corpo de Bombeiros. O alto fluxo de água causou erosão nas laterais da construção, de acordo com o prefeito Diniz.
"O duto principal fraturou. Não temos condição de fazer análise visual, temos que fazer estudo técnico e [saber] qual a capacidade dela de esforço mecânico. Ao mesmo tempo, analisar o que aconteceu com a fratura que tivemos junto ao duto que vai até ao grupo gerador", explicou Diniz à imprensa.
Pontes foram destruídas, estradas estão esburacadas e unidades de saúde tiveram equipamentos inutilizados pela água. De acordo com Diniz, o estado de emergência permite que providências de urgência sejam tomadas no município.
O prefeito afirma que a situação na Fazenda Condessa foi assustadora. Pertencente a uma empresa de laticínios, o terreno foi completamente tomado pelas águas. A água chegou a 1 m de altura, o que causou perda de alguns animais de granja.
Fazendeiros próximos perderam até 80% do seu plantel, de acordo com Diniz.
Segundo a prefeitura, o abastecimento de água na cidade "poderá ser prejudicado devido às fortes chuvas". A concessionária Águas de Pará de Minas "solicita aos clientes que usem a água de forma consciente até que a situação seja normalizada".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.