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Chuvas causam dez mortes em 24 horas em MG; mais de 100 deixam suas casas

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

11/01/2022 11h02Atualizada em 11/01/2022 17h53

Dez pessoas morreram e ao menos 104 precisaram deixar suas casas em 24 horas —entre ontem (10) e hoje (11)— em razão das chuvas que atingem Minas Gerais. Agora são 19 mortos, sem contar as dez pessoas que perderam suas vidas depois que uma rocha caiu de um paredão em um cânion em Capitólio.

Segundo a Defesa Civil, as novas mortes ocorreram nas cidades de Ervália (1), São Gonçalo do Rio Abaixo (1), Dores de Guanhães (1), Caratinga (2) e Brumadinho (5). Ao todo, 145 cidades estão em situação de emergência no estado.

O órgão estadual informa ainda que 82 pessoas ficaram desabrigadas no último dia —totalizando 3.481 que precisam de assistência do governo para moradia temporária em abrigos.

Outras 22 ficaram desalojadas de ontem para hoje: ao todo, 13.756 pessoas precisaram sair de suas casas, mas não tiveram a residência destruída e estão abrigadas com a ajuda de parentes ou amigos.

Desde outubro do ano passado —quando teve início o período chuvoso—, a Defesa Civil contabiliza 19 mortos em razão das enchentes em 12 cidades:

Uberaba - 1 morte
Coronel Fabriciano - 1 morte
Nova Serrana - 1 morte
Engenheiro Caldas - 1 morte
Pescador - 1 morte
Montes Claros - 1 morte
Betim - 1 morte
Belo Horizonte - 1 morte
Dores de Guanhães - 2 mortes
São Gonçalo do Rio Abaixo - 1 morte
Ervália - 1 morte
Caratinga - 2 mortes
Brumadinho - 5 mortes

Os dez óbitos "decorrentes do acidente em Capitólio não são computados no balanço do período chuvoso até o encerramento das investigações", afirma a Defesa Civil.

Os estragos da chuva

As chuvas que atingem Minas desde o fim de dezembro, deixando diversas cidades com cheias, se intensificaram no segundo fim de semana de janeiro. A força das águas resultou em mortes, moradores ilhados, pontes danificadas e barragem com risco de rompimento iminente. A previsão indica que as chuvas persistirão ao longo desta semana.

O caso mais grave aconteceu em Capitólio, no sudoeste de Minas Gerais. Lá, dez pessoas morreram e outras 30 ficaram feridas após uma rocha de um cânion desabar durante um passeio de lanchas.

Apesar de as investigações ainda estarem analisando as causas do acidente, uma das hipóteses é que as fortes chuvas tenham contribuído para a queda de parte do paredão sobre as embarcações.

Cânion em Capitólio (MG), onde houve dez mortes após deslizamento de rocha - Departamento do Corpo de Bombeiros/AFP - Departamento do Corpo de Bombeiros/AFP
Cânion em Capitólio (MG), onde houve dez mortes após deslizamento de rocha
Imagem: Departamento do Corpo de Bombeiros/AFP

Cerca de duas horas antes da tragédia, a Defesa Civil havia alertado para possíveis "cabeças d'água" na região.

Deslizamento com mortes

Outro registro de mortes em razão das chuvas aconteceu em Dores do Guanhães, na região do Vale do Rio Doce.

Vários desabamentos foram registrados em Dores de Guanhães, destruindo a frota inteira de transporte da prefeitura - Reprodução/Youtube - Reprodução/Youtube
Vários desabamentos foram registrados em Dores de Guanhães
Imagem: Reprodução/Youtube

O deslizamento de um talude matou duas pessoas e feriu outras sete. Todas as vítimas foram levadas para hospitais da região, com três delas em situação estável e quatro em estado grave.

Os mortos são dois homens, de 44 e 53 anos, que foram soterrados, segundo informações repassadas ao UOL pela 8ª Região da Polícia Militar, que engloba a cidade afetada.

Ponte se rompe

Em Nova Era, na região Central de Minas Gerais, o rio Piracicaba não aguentou o aumento do volume de água provocado pela chuva e transbordou no domingo (9). A força da correnteza rompeu parcialmente uma ponte pênsil, isolando moradores. Ao todo, 200 precisaram de acolhimento em abrigos, conforme estimativa da Defesa Civil.

Antes e depois da inundação do rio Piracicaba e rompimento de ponte em Nora Era - Prefeitura/Divulgação - Prefeitura/Divulgação
Antes e depois da inundação do rio Piracicaba e rompimento de ponte em Nova Era
Imagem: Prefeitura/Divulgação

O rio Piracicaba é o principal afluente do rio Doce. A bacia compreende 20 municípios mineiros. Além de Nova Era, a cheia já atingiu as cidades de Rio Piracicaba e João Monlevade, que ficam na mesma região.

De acordo com a Defesa Civil, os alertas de enchentes começaram já na sexta-feira (7). No sábado, a cota de inundação, de 4,7 metros, foi atingida e, no domingo, ultrapassou os 7,94 metros.

Barragem em risco

Já em Pará de Minas, moradores estão em alerta depois que a prefeitura emitiu um comunicado pedindo que algumas famílias deixem suas casas devido ao risco de rompimento da barragem hidrelétrica da Usina do Carioca.

A situação da represa, que pertence à empresa Santanense, foi classificada por autoridades como "crítica".

Barragem em Pará de Minas está em risco de rompimento - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Barragem em Pará de Minas está em risco de rompimento
Imagem: Reprodução/Instagram

"Esse é um alerta sério, e nós pedimos a todos vocês que repassem esse alerta. É um risco devido às intensas chuvas. E, para evitar uma tragédia maior, estamos fazendo esse alerta", informou a Prefeitura de Pará de Minas, nas redes sociais.

O alerta foi endossado pelo Corpo de Bombeiros, que determinou evacuação imediata das comunidades ribeirinhas da cidade de Pará de Minas.