Não creio que furo em adutora causou acidente, diz ex-dirigente do Metrô-SP
Para Sérgio Avelleda, ex-presidente do órgão gestor do Metrô de São Paulo, não parece provável que um furo em uma adutora — canal para condução de água ou esgoto — tenha causado o desmoronamento em um canteiro de obras da linha 6-Laranja.
"As adutoras estão cadastradas (em sistemas oficiais, do Estado). Quando você vai fazer o projeto, você sabe onde elas estão", disse Avelleda ao UOL News - Tarde, programa do Canal UOL.
Para o ex-presidente da CMSP (Companhia do Metropolitano de São Paulo), é "improvável", mas não "impossível", que a causa do incidente tenha sido um furo acidental em uma adutora.
"Me parece improvável que a obra não sabia da existência de uma rede de esgoto ou de uma adutora de água desse calibre", avaliou, acrescentando, porém, que ainda é preciso que investigações sejam instauradas para identificar o que de fato causou o incidente.
O incidente comentado aconteceu na manhã de hoje em um canteiro na Marginal Tietê, na capital. No local, está sendo construído um poço de ventilação para a linha 6-Laranja.
A linha tem a pretensão de ligar a Brasilândia, na zona norte de São Paulo, à estação São Joaquim da linha 1-Azul do Metrô-SP, contando com 15 estações para tanto. Antes do ocorrido, o sistema estava com previsão de ser entregue em outubro de 2025.
Funcionários que trabalhavam na obra na manhã de hoje relataram terem ouvido um "estrondo" na parte mais baixa da escavação — possivelmente ocorrido assim que a água rompeu a estrutura.
Imagens aéreas feitas por emissoras de TV mostraram o buraco que se formou na lateral da marginal, com pedaços de asfalto cedendo e a água invadindo o espaço da obra.
Entre as hipóteses aventadas para a causa do incidente, havia a possibilidade de o desabamento ter sido causado pelo Tatuzão — máquinas utilizadas para escavação de túneis.
Porém, segundo o secretário de Transportes Metropolitanos de SP, Paulo Galli, a suspeita perdeu força após ter sido descoberto que a tuneladora estava há cerca de três metros de profundidade da área do rompimento que causou a entrada da água na obra.
Galli também não descartou a possibilidade de que tenha ocorrido falha humana no incidente e chegou a confirmar que ocorreu o vazamento em uma adutora de esgoto.
Já segundo a Polícia Militar de SP, que estava com equipe presente no local, um equipamento de escavação subterrânea usado na obra atingiu o leito do Rio Tietê, gerando o desmoronamento.
"Um acidente dessa natureza é complexo. Tem várias causas que podem ter ocorrido", pontuou Avelleda. "Qualquer opinião que se dê agora é prematura e não está lastreada em laudos, análises e estudos", acrescentou.
Para o ex-presidente da CMSP, a prioridade, agora, deve ser "a proteção do local para que não se amplie o colapso". "Depois, aí sim poderemos trabalhar na investigação e na correção, de modo a retomar a obra", finalizou.
Questionada sobre as possíveis causas do desabamento, a STM afirmou que criou um comitê para investigar as causas do acidente e disse que "fará estudos com soluções técnicas para a realização de obras de drenagem, recuperação para a retomada das obras do Metrô, conserto da tubulação e da Marginal Tietê".
"A tubulação, chamada Interceptor de Esgotos (ITI-7), é responsável por encaminhar o esgoto coletado para tratamento na ETE Barueri. Técnicos da Companhia trabalham no momento para desviar o esgoto para outros interceptores", diz trecho da nota emitida pelo órgão.
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