Caso Henry: Defesa de Jairinho pede adiamento de interrogatório; TJ nega
A defesa do ex-vereador Jairinho pediu adiamento do interrogatório marcado para hoje no processo em que ele é acusado de matar o enteado Henry Borel, de 4 anos. Além dele, também será ouvido a pedagoga Monique Medeiros, mãe do menino. Henry morreu no apartamento do casal na Barra da Tijuca, em 8 de março do ano passado.
O pedido não foi atendido. Porém, o ex-vereador ficou calado durante o interrogatório. Ele pediu que sejam realizadas novas diligências e que seja marcado um novo depoimento para que possa "provar a sua inocência e a da Monique Medeiros (mãe do menino)".
De acordo com a petição dos advogados, o interrogatório deveria ser o último ato do processo. A data foi definida pela juíza Elizabeth Louro, da 2ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, no dia 15 de dezembro, portanto, há quase dois meses.
Os advogados Telmo Bernardo, Flávia Froes, Lucio Adolfo e Eric Trotte argumentaram que ainda pairam dúvidas sobre os laudos periciais, e citam decisões das instâncias superiores para justificar a jurisprudência.
"O interrogatório é instrumento de autodefesa. Se o acusado se defende de fatos, não pode se defender de fatos sobre os quais ainda resta dúvida", salienta a petição.
Antes de entrar no tribunal hoje, Lucio Adolfo da Silva negou que haja intenção da defesa em protelar o julgamento. "Os interesses da defesa são a celebridade e a verdade real dos fatos", afirmou, acrescentando que ele e seus colegas decidiram permanecer em silêncio até uma avaliação mais detalhada dos fatos.
O auditório de onde será possível acompanhar os depoimentos está cheio, com familiares e amigos tanto de Jairinho como de Monique Medeiros.
Poucos minutos antes do interrogatório de Jairinho começar, a juíza proibiu que a imprensa fotografe, transmita ou grave o interrogatório do ex-vereador. A transmissão no Youtube também foi proibida pela magistrada. Até então, não poderiam usar celular no auditório apenas familiares e amigos do casal que acompanham o interrogatório.
A decisão alcança somente o interrogatório de Jairinho. A fala da pedagoga Monique Medeiros, mãe do menino, poderá ser transmitida normalmente.
Defesa já havia solicitado adiamento
A defesa de Jairinho já havia feito pedido anterior para adiar o interrogatório, o que foi negado ontem pela juíza.
Em sua decisão, a magistrada argumentou que a audiência está marcada desde o dia 15 de dezembro, portanto, há quase dois meses, e a nova defesa "foi constituída com pelo menos 14 dias de antecedência do ato, prazo que me afigura suficiente para que possa orientar seu defendente no momento do interrogatório".
Monique e Jairinho darão versões diferentes
Ontem, o UOL antecipou que o teor do interrogatório do ex-vereador seria colocar em suspeita as provas periciais.
Os últimos movimentos das defesas dos réus indicam que Monique manterá a defesa de ser uma boa mãe e vítima da influência de Jairinho, enquanto o ex-vereador, padrasto do menino, pretende reforçar a ausência de violência e questionar as provas periciais do processo.
No dia 15 de dezembro, familiares de Monique reforçaram à juíza a versão de que Monique viveu em um "relacionamento abusivo", o que a motivou a não contar sua versão dos fatos. A mesma linha foi reforçada nos últimos dois meses, após denúncias de supostas ameaças de pessoas ligadas a Jairinho contra Monique.
A pedagoga e seus advogados, Thiago Minagé e Hugo Novais, relataram que ela foi ameaçada dentro da prisão. Minagé disse temer por sua cliente: "Ela é bem segura, mas dessa vez está bem assustada".
O advogado Lúcio Adolfo assumiu a defesa de Jairinho há 15 dias e deve seguir a linha de erros nos laudos. Ontem, véspera dos interrogatórios, Adolfo alegou suspeição dos peritos Leonardo Huber Tauil e Gabriela Graça Suares Pinto, responsáveis pelos laudos de necropsia de Henry.
Sobre Tauil, a defesa de Jairinho afirma que ele destruiu provas. "Ao destruir as evidências, avocou-se como único portador universal da verdade sobre elementos de materialidade do putativo crime", diz a petição.
Adolfo retoma que não há fotografia do fígado de Henry, que teria sofrido lesões que levaram à morte do garoto.
Sobre Gabriela, a defesa afirma que houve "quebra de imparcialidade e demonstrações visíveis de comprometimento com o resultado final do processo" e cita a presença da perita em um livro lançado sobre o caso.
Além do questionamento das provas periciais, Jairinho deve seguir a linha de mostrar o homem "carinhoso" relatado por testemunhas de defesa nas audiências de dezembro. Ele foi descrito como "amoroso" e "incapaz de matar uma mosca".
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