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Vereadora de Curitiba sofre ataques racistas após ato por Moïse: 'Basta!'

Carol Dartora diz que as "ameaças não ficarão impunes" - Carlos Costa/Câmara Municipal de Curitiba
Carol Dartora diz que as "ameaças não ficarão impunes" Imagem: Carlos Costa/Câmara Municipal de Curitiba

Colaboração para o UOL

09/02/2022 20h24Atualizada em 09/02/2022 20h24

A vereadora de Curitiba Carol Dartora (PT), primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal, denunciou, nas redes sociais, ataques racistas que vem sofrendo após participar de ato pedindo justiça pelos assassinatos do congolês Moïse Kabagambe e de Durval Teófilo Filho, ambos homens negros.

"O ato pedindo justiça por Moïse e Durval tinha como objetivo o combate ao racismo. Estão aproveitando a distorção de sua finalidade e dos fatos para me ameaçar", escreveu, em uma publicação no Instagram hoje.

Uma das mensagens compartilhadas pela vereadora é de um usuário da rede social que a chama de "invasora de igreja". "Vai trabalhar, 'vagaba', fazer projetos decentes. Vai estudar, rezar, servir ao povo de bem."

Manifestantes protestaram contra a morte de Moïse e Durval dentro da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Centro Histórico de Curitiba; o ato causou polêmica. Carol Dartora nega que tenha participado dessa manifestação.

"Não entrei na igreja, não participei da organização do ato e não participei da decisão de entrar na igreja, mas também não julgo quem expressa sua indignação. Nenhum tipo de violência deve ser tolerado."

Mais ataques racistas

Outra mensagem, de um perfil em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL), a vereadora Carol Dartora é chamada de "preta safada". "Preta safada sem vergonha. Merecia ir para cadeira, não merecia ser vereadora. Cristofobia é crime."

"Macaca fedorenta. Vai pagar pelo o que fez. Você não dura dois meses", escreveu outra usuária da rede social.

A vereadora de Curitiba diz que as "ameaças não ficarão impunes". "Não vão me intimidar. Basta de racismo!".

Assassinatos de Moïse e Durval

Moïse Kabagambe foi espancado até a morte no dia 24 de janeiro em um quiosque localizado na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro. A vítima tinha 24 anos e era natural do Congo, na África, e morava no Brasil, com sua família, desde 2014.

Kabagambe trabalhava por diárias e, segundo a família, ele teria ido cobrar dois dias de pagamento, mas foi amarrado e brutalmente assassinado. As gravações foram filmadas por câmeras de segurança do quiosque Tropicália. Três pessoas envolvidas no crime já foram presas.

Morador de São Gonçalo, município da região metropolitana do Rio de Janeiro, Durval Teófilo Filho, de 38 anos, foi morto a tiros pelo sargento da Marinha Aurélio Alves Bezerra, que disse ter confundido a vítima com um ladrão. O crime aconteceu na última quarta-feira (2). A esposa de Durval, Luziane Teófilo, apontou que o crime foi motivado por racismo.

Por meio de imagens de câmeras de segurança foi possível ver o momento em que Durval chegava em casa e foi abordado pelo militar. Mesmo atingido na barriga e avisando que era morador do condomínio, foi alvo de um segundo disparo no abdômen. Um terceiro tiro não acertou a vítima.