Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Com Bolsonaro, nazismo e racismo ganham campo fértil para prática de crimes
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"A defesa da normalidade e legalidade de um Partido Nazista no Brasil é mais do que ignorância política. É resultado de um governo que propaga o ódio e abre espaço para radicais. DEFESA DO NAZISMO É CRIME!" (Senador Jean Paulo Prates (PT-RN), líder da Minoria).
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Vamos combinar, em português bem claro: o que está acontecendo no Brasil, com o aumento do número de declarações, artigos, gestos e atos em defesa do racismo estrutural e do neonazismo tupiniquim, nada tem a ver com liberdade de expressão ou de opinião.
São crimes previstos em lei, e como tal devem ser tratados, investigados e seus autores punidos, com o maior rigor e presteza, para que não se repitam cotidianamente no nosso país, assolado pela praga do bolsonarismo irresponsável, que nos ameaça, sufoca e mata com requintes de crueldade.
Num dia, jovem negro congolês é massacrado a golpes de taco de beisebol em quiosque da Barra da Tijuca por cobrar diárias atrasadas e a polícia leva dias para começar a investigar o crime.
Noutro, jovem negro brasileiro é preso ao comprar pão, em meio a uma blitz policial, e só sai da cadeia após intensa mobilização da sua comunidade.
Num dia, podcaster é apoiado com entusiasmo por deputado federal morista ao defender a legalização do Partido Nazista no país.
Noutro, apresentador da Jovem Pan se despede do programa com a saudação nazista do "sieg heil" de Hitler, olha para os lados em busca de aprovação, e abre um sorriso sarcástico.
Tudo isso foi filmado e circula pelas redes sociais como se fossem as coisas mais normais da vida de um "país polarizado".
Não, não se trata de episódios "polêmicos", mas de graves atentados à vida em sociedade e à democracia.
São o resultado do clima de violência e impunidade implantado no país desde a posse do atual governo, com a liberação de armas e munições a granel, sem nenhum controle, da disseminação nas redes sociais das mensagens do "gabinete do ódio" comandado por um filho do presidente, da licença para matar dada a polícias e milícias, do estouro da boiada nas áreas protegidas da Amazônia, entregues a garimpeiros e madeireiros, do vale tudo da política oficial baseada no confronto.
É nesse caldo de cultura que se criam celebridades como o podcaster Bruno Aiub, vulgo Monark, que tem milhões de seguidores, e se sente no direito de puxar um baseado enquanto entrevista o ex-juiz Sergio Moro ao vivo, para dias depois, bêbado, como ele mesmo informou, confraternizar com o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) numa alegre defesa da liberdade para o Partido Nazista, aquele matou matou 6 milhões de judeus na Segunda Guerra e foi proscrito na Alemanha.
Não por acaso, Kataguiri, o chefão do MBL (Movimento Brasil Livre), um ex-bolsonarista que agora apoia Moro, é o mais aguerrido defensor do candidato do Podemos, que cuida das suas redes sociais e participou com ele, dias atrás, de uma live para explicar os negócios do ex-juiz como consultor de uma empresa multinacional que cuida da recuperação judicial das empresas quebradas pela Lava Jato.
"Apologia ao crime é caso de cadeia, não opinião,. Ao defender o nazismo, Monark merece condenação além da demissão. Já o deputado, cassação por desrespeito às vítimas do holocausto, judeus e aos brasileiros. Isso não é assunto para a política, mas para a polícia. Vida é um bem supremo", reagiu o senador Renan Calheiros (MDB-AL) no Twitter.
Outros parlamentares também reagiram na mesma linha, mas até o momento nenhuma providência concreta foi tomada para enquadrar Kataguiri e Monark, assim como um certo Adrilles Jorge, o apresentador da saudação nazista na Jovem Pan, de quem nunca ouvi falar, que continua leve e solto, depois de ser demitido, e ficou tudo por isso mesmo.
Com extremo cinismo, Adrilles ainda teve a coragem de escrever o seguinte nas redes sociais: "Um tchau é interpretado como uma saudação nazista. Nazista é a sanha canceladora que não enxerga o próprio senso assassino do ridículo".
Nem seus patrões, nesta emissora de extrema direita que defende o bolsonarismo acima de tudo, interpretaram assim o inocente tchau do apresentador.
No mesmo dia, o estudante Yago Corrêa, 21, foi solto após passar dois dias preso no Complexo Prisional de Benfica, no Rio, depois de ser preso no domingo quando saia de uma padaria. Seu crime: ser negro.
"A favela venceu. Yago é inocente e vai voltar para casa com a gente", comemorou sua irmã Erica Corrêa, que mobilizou a comunidade do Jacarezinho para denunciar mais esse crime de racismo.
O corpo do congolês Moïse Kbagambe, a outra vítima do racismo brutal, ficou quase três horas estendido no chão, enquanto o quiosque Tropicália, onde ele foi assassinado, continuava vendendo cerveja, água de coco e outras bebidas, como mostram as imagens da noite do crime, relata matéria da Folha desta quarta-feira.
Esse é um breve resumo do Brasil de Jair Bolsonaro, a 325 dias do final do seu mandato, uma eternidade.
Vida que segue.
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