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Chuva provoca 34 mortes, deslizamentos e arrasta carros em Petrópolis (RJ)

Clarice Sá, Ed Wanderley, Gilvan Marques, Juliana Arreguy, Lorena Barros e Robson Santos

Do UOL, em São Paulo

15/02/2022 18h58Atualizada em 16/02/2022 09h29

Um forte temporal atingiu a cidade de Petrópolis, localizada na Região Serrana do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (15), provocando alagamentos, inundações e deslizamentos em vários pontos. Vídeos, divulgados nas redes sociais, também mostram imagens de carros sendo arrastados por fortes correntezas. O município decretou estado de calamidade pública.

Em nota, a Defesa Civil do Rio de Janeiro confirma, até o momento, 34 vítimas por deslizamentos e alagamentos no município. Os corpos foram localizados a partir da tarde desta terça-feira (15). Mais de 180 militares atuam no atendimento à população e fazem atendimento em um total de 40 localidades da cidade.

  • Veja a cobertura sobre a chuva em Petrópolis e mais notícias do dia no UOL News:

Segundo o informe, foi colocado em prática o Plano de Contingência para Chuvas de Verão 2022, desenvolvido para providenciar respostas rápidas em emergências por precipitações intensas no Rio. Os trabalhos são acompanhados pelo secretário Estadual de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Leandro Monteiro.

Além disso, houve um total de 207 ocorrências na região, sendo 171 delas, deslizamentos de terra — entre eles, o registrado na encosta do Morro da Oficina, no fim da tarde de hoje. As demais ocorrências se deram nos bairros Quitandinha, Alto da Serra, Castelânea, Centro, Coronel Veiga, Duarte da Silveira, Floresta, Caxambu e Chácara Flora.

Desde as 18h51, a Defesa Civil local emitiu alerta aos moradores e sinalizando a ocorrência de deslizamentos em diversos pontos da cidade e acionou sirenes — ao todo, o município possui 18 sirenes do Sistema de Alerta e Alarme, instaladas em comunidades com áreas de risco.

No fim da tarde, um deslizamento de terra atingiu a escola Emas (Escola Municipal Vereador José Fernandes da Silva), localizada no Alto da Serra. Os estudantes foram levados para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro. Procuradas pelo UOL, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros não informaram quantos estudantes estavam no colégio no momento do incidente e quantos foram encaminhados para a unidade de saúde.

Nas redes sociais, uma galeria do centro da cidade foi palco de um corre-corre, que internautas associaram a um possível arrastão, com moradores supostamente abandonando os carros para escapar dos roubos. A informação ainda não foi confirmada pela Polícia Militar de Petrópolis.

A cidade já vinha sofrendo há dias com fortes chuvas na região, mas, hoje, foram registrados cerca de 260 mm de precipitação em um período de apenas seis horas, levando caos ao município.

Em seu perfil no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro disse ter feito ligações para "auxílio imediato às vítimas". Já o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), demonstrou preocupação com a situação em Petrópolis e disse manter conversas com o prefeito da cidade, Rubens Bomtempo (PSB). Ele disse ainda que orientou parte dos secretários a ajudar "no que for preciso".

Bolsonaro, que está na Rússia em viagem oficial, também determinou para que ministros de seu governo deem o apoio necessário às vítimas das fortes chuvas.

Estou em Barra Mansa com as agendas do Governo Presente no Médio Paraíba, mas atento aos danos que as chuvas estão causando em Petrópolis. Acabei de falar com o prefeito Rubens Bomtempo e orientei que parte dos secretários se desloque para apoiar a população no que for preciso.
Cláudio Castro, governador do RJ

O governador segue hoje para Petrópolis para acompanhar os trabalhos. Segundo o governo do estado, 60 militares, 10 aeronaves e oito ambulâncias foram disponibilizadas para a região e devem chegar à Região Serrana, no máximo, até a manhã desta quarta-feira (16).


Calamidade

O estado de calamidade pública permite à Prefeitura ampliar os gastos, atrasar pagamentos e parcelar dívidas para combater algum problema — seja ele um desastre natural ou conflitos políticos, econômicos e sociais. É uma situação mais grave do que o estado de emergência.

Segundo o S2iD, Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, ligado ao Ministério do Desenvolvimento Regional, Petrópolis já tinha a situação de emergência reconhecida desde o dia 1 de fevereiro, devido às chuvas intensas na região.

Desastre marcou Região Serrana em 2011

Há 11 anos, uma tragédia provocada pelas chuvas deixou mais de 900 de mortos na Região Serrana do Rio, no maior desastre natural do país até então. Foram 426 mortes só em Nova Friburgo e 381 em Teresópolis.

Petrópolis também estava entre as cidades mais atingidas, com 71 fatalidades. Na ocasião, o distrito de Itaipava foi o que mais sofreu com as consequências da chuva. Também houve mortes em Sumidouro (21), São José do Vale do Rio Preto (4) e Bom Jardim (1).

Expectativa

Segundo a Climatempo, a previsão para esta quarta-feira (16), em Petrópolis, é de mais chuva, com volume pluviométrico acumulado de 25 mm. Isso significa que o município deve receber pelo menos 25 litros de água acumulados sobre uma superfície de área equivalente a 1 metro quadrado.

A temperatura deve variar entre a mínima de 16ºC e máxima de 25ºC.