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Corpos surgem após água baixar em Petrópolis: 'Todo mundo perdeu alguém'

Do UOL, em São Paulo

16/02/2022 09h33Atualizada em 16/02/2022 20h56

Enquanto corpos começaram a surgir quando as águas desceram em Petrópolis (RJ), pais de crianças desaparecidas após o temporal que deixou ao menos 94 mortos na cidade participam das buscas pelos filhos em regiões afetadas pelos deslizamentos e inundações que destruíram parte da cidade.

No bairro Alto da Serra, onde pelo menos 80 casas foram afetadas, Gisele Arcaminate tentava encontrar a filha Maria Eduarda, 17, cavando os escombros com uma enxada, enquanto gritava pela jovem. Na mesma região, outro de seus familiares, Bruno, também buscava notícias da filha, de apenas um ano.

"Um bebê sem respirar embaixo dessa lama, você consegue? Eu já estou perdendo as esperanças", declarou Gisele sobre a menina desaparecida, em entrevista ao jornal O Globo.

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Após nível de rio diminuir, equipes trabalharam no resgate de vítimas
Imagem: Juliana Nascimento/Inter TV

Bruno Carvalho, pai da bebê, conta que ela estava no local junto com a avó materna e alguns primos, Ao jornal carioca, ele detalhou que já havia encontrado a bolinha rosa da filha entre os destroços, a mais de 30 metros de distância do quarto onde ela costumava dormir.

"A única coisa que ouvimos é que tinha havido um desabamento, mas só tive a dimensão quando cheguei aqui", contou.

João Belisardo é mais um morador à espera de notícias. Sua filha Michele, 33, e a neta Larissa Afonso, 5, estavam em uma casa de três andares que desabou durante a chuva, no início da noite de ontem.

"Moro em outro bairro aqui de Petrópolis, e minha filha até 18h estava falando comigo. Mas depois parou. Minha neta tem 5 anos e minha filha fez 33 na última terça-feira. Era uma casa de três andares e tinha outros imóveis. Todo mundo que está aqui perdeu alguém", lamentou ao Globo.


Corpos surgiram após nível de rio baixar

Uma repórter da InterTV, afiliada da TV Globo, passou pelo local durante a operação de resgate das vítimas e filmou a retirada de pelo menos dois corpos. A operação foi feita sob o olhar dos moradores do município, que circulavam pelas ruas completamente destruídas.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou que o município vive "cenas de guerra" após as fortes chuvas, que provocaram inundações e deslizamentos.

As imagens são muito fortes e, provavelmente, vamos amanhecer com imagens tão ou mais fortes. É realmente uma tragédia grande. Cenas de guerra! Carros pendurados em postes! O que nós vimos é uma cena muito triste, cena praticamente de guerra."
Governador do Rio, Cláudio Castro, em entrevista à GloboNews nesta madrugada

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Equipes resgataram corpos após nível de rio diminuir
Imagem: Juliana Nascimento/Inter TV

Já o prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo (PSB), disse, em entrevista à TV Globo, que a cidade "basicamente não vai funcionar" após ser atingida pelo temporal. A autoridade municipal decretou estado de calamidade pública e anunciou que as aulas, que haviam sido retomadas nesta semana, foram suspensas.

"Basicamente a cidade não vai funcionar. Decretei estado de calamidade pública. Você não consegue promover a mobilidade na cidade, as principais artérias foram obstruídas. Não tem condição de você colocar a cidade para funcionar num curtíssimo espaço de tempo", disse ele. "O que deve funcionar é resposta que a gente tem que estar dando do ponto de vista das urgências na cidade."

O estado de calamidade pública permite à prefeitura ampliar os gastos, atrasar pagamentos e parcelar dívidas para combater algum problema —seja ele um desastre natural ou conflitos políticos, econômicos e sociais. É uma situação mais grave do que o estado de emergência.