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Petrópolis: moradores relatam furtos em meio a buscas por soterrados

21.fev.2022 - Moradores da Vila Felipe relatam furtos em casas durante buscas por desaparecidos - Lucas Landau/UOL
21.fev.2022 - Moradores da Vila Felipe relatam furtos em casas durante buscas por desaparecidos Imagem: Lucas Landau/UOL

Lola Ferreira

Do UOL, em Petrópolis

21/02/2022 18h29

Em meio às buscas por famílias soterradas na Vila Felipe —uma das áreas atingidas pelo temporal da última terça-feira (15) em Petrópolis (RJ)—, moradores relatam furtos de objetos de valor de suas casas.

Grupos têm aproveitado o foco nos trabalhos de resgate para furtar televisores e eletrodomésticos, entre outros equipamentos, segundo contaram ao UOL moradores do morro, onde o deslizamento de parte da encosta destruiu casas e soterrou pessoas. Moradores adotaram uma vigília —durante o dia e a noite— para evitar que suas casas tenham eletrodomésticos subtraídos.

O Corpo de Bombeiros informou hoje que já são ao menos 181 os mortos em decorrência do temporal. Entre as vítimas, 165 foram identificadas, segundo a Polícia Civil. Ainda de acordo com a Polícia Civil, 110 pessoas são consideradas desaparecidas. Até o momento, 853 pessoas estão abrigadas nos 13 pontos de apoio montados em escolas da rede municipal de Petrópolis.

"Eu não durmo desde a semana passada porque, quando consigo deitar, tenho que vigiar a minha casa e a dos vizinhos, para não levarem nada", diz um morador, que preferiu não se identificar.

O homem, que transformou a própria casa em ponto de apoio a bombeiros e voluntários, monitora residências de vizinhos que saíram da região com medo de novos deslizamentos. A casa dele fica no pé do morro, a poucos metros de onde parou a enxurrada de lama.

"É uma falta de humanidade alguém fazer isso [furtos] em um momento como este", diz.

Vigilância revezada

No alto do morro, após sobreviver à enxurrada, uma família se abrigou na casa de parentes.

Eles levaram televisões e objetos mais caros e de uso pessoal, mas toda a mobília continua na casa. Por isso, criaram um revezamento na vigilância: durante o dia, parte da família fica na casa, e a outra fica durante a noite. Ninguém dorme: o objetivo é evitar furtos.

Eles relatam que já houve furtos de televisões em casas onde houve mortes e também nas residências com sobreviventes.

De acordo com moradores, os criminosos chegam à região por meio de trilhas que ficam no alto do morro —algumas abertas com a força das águas.

No final da tarde de hoje, a reportagem do UOL testemunhou uma viatura da Polícia Militar fazendo ronda no local.