Topo

Esse conteúdo é antigo

O que se sabe sobre motorista de app achada morta em porta-malas

Suspeitos do assassinato de Michelle Chinol, 39, foram presos apenas ontem, quase dois meses após o crime - Reprodução/Instagram
Suspeitos do assassinato de Michelle Chinol, 39, foram presos apenas ontem, quase dois meses após o crime Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

29/03/2022 15h39Atualizada em 30/03/2022 08h00

O assassinato da motorista Michelle Caroline Chinol, 39, ganhou um novo capítulo ontem após a prisão dos dois principais suspeitos do crime.: Ketlyn Malmann Marcelino, que era amiga da vítima, e o marido dela, Nelson Pereira da Silva Filho. A vítima trabalhava com aplicativos de transporte.

O corpo da mulher foi encontrado dentro do porta-malas do carro que ela usava para fazer as corridas. O veículo, que estava no nome do irmão de um amigo, foi apreendido em fevereiro pela Prefeitura de Curitiba por estar estacionado de forma irregular, mas a história completa foi descoberta apenas quando ele já estava em um pátio da Superintendência de Trânsito. Relembre as informações já divulgadas sobre o caso:

Forte odor chamou atenção de funcionário

Michelle foi encontrada sem vida por funcionários da Superintendência de Trânsito, no bairro Portão, após o grupo sentir um forte odor ao se aproximar do veículo.

Ao notar a situação atípica, eles decidiram abrir o porta-malas e encontraram o corpo da mulher já em estado avançado de decomposição.

"Ela entrou em contato telefônico com o irmão no domingo e essa é a última informação que os familiares repassaram. Não foi feito boletim de ocorrência por conta do desaparecimento, já que, como ela prestava serviço de aplicativo não só em Curitiba como no litoral do Paraná, era comum sair de casa, sem avisar e voltar dias depois", afirmou o delegado Victor Menezes, da Divisão de Homicídio e Proteção à Pessoa, em entrevista ao UOL, em 17 de fevereiro, um dia após a descoberta.

michelle - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Corpo da motorista de aplicativo Michelle Caroline Chinol, de 39 anos, foi encontrado dentro do porta-malas do carro que usava para trabalhar
Imagem: Reprodução/Instagram

Em primeiro momento, delegado negou "evidências de morte violenta"

No início da investigação, o delegado Menezes detalhou que a família preferiu não prestar queixa sobre o desaparecimento pois a motorista costumava trabalhar também no litoral do Paraná e, por conta disso, os parentes se acostumaram a ficar sem notícias dela por alguns dias.

A autoridade policial ainda deu destaque ao fato de que a motorista de aplicativo era atleta profissional de MMA e capoeira, o que a tornaria "uma pessoa mais difícil de ser dominada". Apesar das objeções, possíveis corridas feitas pela mulher antes de seu último contato foram apuradas.

Suspeitos identificados: Câmera de segurança foi chave

Foi uma câmera de segurança que ajudou os agentes a avançarem na investigação, registrando um homem deixando o carro da motorista no local em que ele foi guinchado.

O suspeito, marido da amiga da vítima, trabalha em uma empresa que tinha roupas análogas às vestidas pelo homem flagrado abandonando o veículo, como uma calça com barras refletoras.

"Fizemos a ligação entre os dois e houve a representação da prisão temporária. A versão dos dois é contraditória. O que parecia uma amizade verdadeira, hoje se encaminha muito mais para um homicídio", atualizou o delegado Victor Menezes em declarações feitas ontem, quase dois meses após o corpo de Michelle ser encontrado.

Polícia não descarta participação de outros suspeitos

O delegado destacou ainda que, apesar da prisão do casal, a participação de outras pessoas não está descartada. As investigações teriam sido retardadas até mesmo por iniciativa dos próprios responsáveis pelo crime, que teriam inclusive forjado um corte encontrado no corpo de Michelle.

"O inquérito ainda não acabou e ainda é precipitado afirmar que os dois são culpados. No presente momento, temos muitas informações que colocam a investigada como culpada. Verificamos que a maior probabilidade do corte encontrado no pulso de Michelle foi feito após a morte, ou seja, ficou claro que houve uma simulação desse suicídio. Alguém queria esconder o crime, já que o local também foi modificado", afirma.

A causa da morte de Michelle ainda não foi atestada por laudos, mas a principal hipótese é que ela tenha sido vítima de asfixia, já que foram encontradas marcas em seu pulmão.

O casal de suspeitos foi interrogado ontem de manhã, na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa.

"Ambos se manifestaram durante o interrogatório e negaram a autoria. Ainda precisamos ter acesso ao material das investigações e depois fazer a nossa manifestação. Ainda é muito prematuro. Desde o início eles negam a autoria do fato", diz o advogado dos investigados, Ryan Antunes.

A motivação do crime ainda não foi esclarecida.

Vítima pretendia se mudar para a Itália

O grande plano de vida de Michelle, que trabalhava há pelo menos um ano como motorista de aplicativos, era juntar dinheiro para conquistar a cidadania italiana e morar em Roma.

"Ela morou na Itália em 2006, quando nos conhecemos, mas teve que voltar ao Brasil por falta de documentos para conseguir a autorização para permanecer no país. A última vez que esteve em Roma foi em 2019, mas o sonho dela sempre foi morar lá e por isso começou a trabalhar como motorista", disse uma amiga, que prefere não ter o nome divulgado, em entrevista ao UOL, poucos dias após o crime.

Ao UOL, a amiga relatou que ela nunca demonstrou medo de transportar passageiros e que, segundo o que ela comentava, essa era a única forma para juntar dinheiro e atingir o principal objetivo.