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Quem é o 'pai' dos bonecos de gelo que há 20 anos enfeitam cidade de SC

Boneco de neve de São Joaquim em 2022 - Arquivo pessoal
Boneco de neve de São Joaquim em 2022 Imagem: Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo

19/05/2022 04h00Atualizada em 19/05/2022 08h57

A ocorrência de neve e geadas de São Joaquim (SC) são um prato cheio para o fotógrafo Mycchel Legnaghi, 38. Desde 2001, ele registra os fenômenos gelados da cidade para ilustrar as reportagens sobre os dias frios da serra catarinense da imprensa nacional. Mas foi a partir de 2013 que o trabalhou dele ganhou um novo ingrediente: os bonecos de gelo Geanildo e Nevaldo.

"Comecei a fazê-los na neve de 2013. Eu dei o nome de Geanildo para aqueles que são feitos de geada, e Nevaldo para aqueles que eu uso a neve na montagem. As pessoas gostavam deles e então eu decidi nomeá-los", contou Legnaghi ao UOL.

Geanildo e Nevaldo aparecem na cidade todas as vezes que as temperaturas ficam muito baixas, como nesta semana, em que a Polícia Militar Rodoviária precisou usar 300 kg de sal para derreter o gelo acumulado em uma estrada que liga Urubici a São Joaquim.

"Eu fui melhorando a cada ano porque, no começo, fiz bonecos horrorosos", se diverte. "Agora eu peguei técnica e estou mais artesão. Eu começo pela cabeça, utilizo ferramentas para moldá-los, deixá-los mais redondos. Eu passo nas lojas de artesanato e peço cachecol e touca para enfeitá-los. Cada evento que tem, troco a roupagem."

Os bonecos de neve começaram a ser compartilhados nas redes sociais e no site São Joaquim Online, que serve como uma agência de notícias da cidade. "As pessoas ligavam para a Secretária de Turismo, onde eu trabalhava, pedindo fotos de neve. Eu fazia e enviava. Em 2008, resolvi montar o site para que as imagens cheguem mais rápido para o Brasil."

A forte onda de frio que chegou em Santa Catarina nos últimos dois dias trouxe material suficiente para o primeiro boneco de neve do ano. "De geada, ainda não teve nenhum [este ano]. Nevaldo é o primeiro. Ainda não tivemos uma geada muito forte para montar um boneco. Geralmente eu raspo o gelo de cima do carro e as que tivemos até agora não deu gelo suficiente."

Ainda que tenha dedicado grande parte do tempo no outono e no inverno aos bonecos de gelo, Legnaghi conta que ainda faz registros das geadas e da neve que cai na cidade — e ele não hesita em dar duro para tirar o melhor clique.

foto - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Foto gerou machucado nas mãos de Legnaghi
Imagem: Arquivo pessoal

Entre um dos registros mais memoráveis está o de uma geada no outono de 2018. "Quando eu cheguei ao lado da Igreja, estava -5ºC ou - 6ºC e tinha essa folha congelada. E eu tinha que fazer essa fotografia contra a luz e eu precisava fazer a foto naquele exato momento. Um segundo a mais o sol teria nascido e não teria o efeito que eu queria. Como não tinha nada para quebrar o bloco de gelo, eu fiz isso com a minha mão."

O resultado foram alguns ferimentos na mão devido às baixas temperaturas do gelo. No entanto, ele diz não se arrepender de se dedicar tanto aos registros.

"O que me motiva é ver esse interesse do público. Ver o turismo em alta, a cidade empreendendo, aumentando as pousadas, restaurantes. Embora eu não tenha retorno disso, já que faço as fotos de forma gratuita. Eu faço porque amo", finaliza.