Após 40 anos, mulher denuncia marido, coronel da PM, por tortura no DF
Uma mulher de 60 anos procurou a Polícia Civil para denunciar o marido, um coronel reformado da Polícia Militar do Distrito Federal. Ela alega que decidiu formalizar denúncia depois de ter sido ameaçada de morte, no último domingo (22), mas que começou a ser agredida ainda aos 20 anos, chegando a ser espancada quando estava grávida, e que a violência aumentou nos últimos tempos porque o marido estaria passando por uma evolução de um quadro de demência e reagindo com mais brutalidade.
A ocorrência foi registrada no domingo, na 38ª Delegacia de Polícia, em Vicente Pires, quando a mulher deixou a residência e procurou a advogada com quem já mantinha contato. Os dois estão casados há mais de 40 anos, têm dois filhos juntos e moravam na Colônia Agrícola Samambaia, desde que se mudaram do Rio Grande do Sul, onde iniciaram o relacionamento.
Segundo a mulher, o marido, hoje com 76 anos, andava sempre armado e avisou que antes de morrer de velhice, a mataria primeiro. Após se sentir ameaçada, ela buscou abrigo na casa de um dos filhos e procurou a polícia.
Ainda na segunda-feira (23), o juiz Carlos Bismarck Piske De Azevedo Barbosa concedeu uma medida protetiva à mulher, que estabelece uma distância mínima de 300 metros do imóvel em que ambos viviam e entre os dois e determinou a apreensão da arma de fogo do suspeito.
"O fato de o autor possuir uma arma de fogo associado ao histórico de violência doméstica contra a mulher torna grave a situação da vítima. Por outro lado, a simples notícia de que o representado tenha posse de uma arma já determina a sua apreensão nos termos da lei", alegou o magistrado em sua decisão.
De acordo com a advogada da vítima, Janaína César, a vítima está fragilizada e não consegue dar entrevistas no momento. No entanto, diz que a mulher acredita que o marido esteja doente, precisando de internação numa clínica de repouso e tratamento psiquiátrico. Na denúncia, a esposa alegou que "os sinais de demência são visíveis, embora não sejam presentes o tempo todo. Ele precisa de intervenção médica, mas apenas os filhos podem tomar essa decisão".
Em nota, a Polícia Civil informou que divulgará informações sobre o caso visando proteger a imagem da vítima. "O caso está sendo investigado e o resultado das diligências será encaminhado ao Poder Judiciário para a efetiva responsabilização do autor", afirmou.
O UOL entrou em contato por mensagem com o coronel reformado na tarde desta quinta-feira (26), mas, até o momento, não obteve resposta. Segundo consta nos autos, o homem ainda não é representado por um advogado. O espaço segue aberto para defesa e será atualizado tão logo haja manifestação.
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