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RJ: Criança atingida em ação contra milícia está com bala alojada na cabeça

Criança atingida durante ação de policiais na Taquara, zona oeste do Rio - Reprodução
Criança atingida durante ação de policiais na Taquara, zona oeste do Rio Imagem: Reprodução

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

03/06/2022 14h39Atualizada em 03/06/2022 18h24

Uma criança de quatro anos baleada na cabeça na última quarta-feira (1º), na Taquara, bairro da zona oeste do Rio, permanece com a bala alojada no corpo, segundo informações da família. A criança passou por cirurgia e continua internada no Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, na zona sul. O estado de saúde dela é considerado gravíssimo.

A única coisa que preciso neste momento é da saúde da minha filha. O que sabemos é que [o projétil] ficou alojado. Não sabemos nem se será possível tirar."
Pai da criança baleada

Já a avó da menina disse que a família chegou a receber informação diferente logo após a cirurgia.

"Eles [os médicos] pedem o tempo todo para a gente aguardar. É uma menina de quatro anos. O raio-x feito na UPA [Unidade de Pronto Atendimento] mostra a bala alojada. No [hospital] Miguel Couto, falaram que tiraram e depois falaram que não foi removido", lamentou a avó.

Perícia em armas de policiais

A Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizados) apreendeu as armas dos policiais envolvidos na troca de tiros com dois suspeitos de serem milicianos. A ação acabou com a menina baleada.

"As armas dos policiais foram apreendidas e serão encaminhadas para exame de perícia. As investigações estão em andamento para elucidar os fatos, identificar e prender todos os envolvidos na ação criminosa."

A delegacia apreendeu também câmeras de segurança da região para esclarecer de onde partiu o disparo que atingiu a criança.

Polícia diz que reagiu a ataque da milícia

Policiais da Draco disseram ter entrado em confronto com dois suspeitos de integrar o Bando do Playboy de Curicica —milícia aliada a Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, chefe da maior organização criminosa do Rio. Ele é irmão de Wellington da Silva Braga, o Ecko, morto em operação em 2021.

A troca de tiros ocorreu na rua André Rocha, na Taquara. Thiago Neves, delegado da Draco, afirmou que a criança foi atingida em um ponto diferente do confronto, mas admitiu que o disparo possa ter ocorrido em decorrência dessa troca de tiros.

"Somente depois que a criança foi socorrida é que os policiais souberam que ela havia sido baleada."

A viatura da Polícia Civil foi perfurada no confronto. Ainda de acordo com Neves, uma equipe da Draco foi ao local checar denúncias sobre extorsão contra comerciantes e foi alvo de disparos.

"Recebemos denúncias de moradores acerca das extorsões que eram praticadas no local. Uma equipe se dirigiu para lá e constatou o veículo com milicianos parando em cada comércio e recebendo o dinheiro. Quando os policiais foram abordar, um miliciano começou a efetuar os disparos contra a equipe, que revidou", relatou o delegado.

Um homem identificado como Marcos Aurélio Marques de Almeida foi preso, e uma pistola e um carro roubado foram apreendidos na ação. O UOL não localizou a defesa do suspeito.