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'Temos esperança': Esposa de repórter desaparecido apela por buscas

Herculano Barreto Filho

Do UOL, em São Paulo

07/06/2022 18h02

Alessandra Sampaio, esposa do jornalista Dom Phillips, correspondente do jornal britânico The Guardian, fez hoje um apelo emocionado em vídeo para que as buscas sejam intensificadas na Amazônia para a localização do seu paradeiro.

"A gente ainda tem um pouquinho de esperança de encontrar eles", disse. Phillips e o indigenista Bruno Araújo Pereira, servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio), estão desaparecidos desde a manhã deste domingo (5) no Vale do Javari.

O vídeo foi compartilhado no perfil do Twitter de Dom Phillips, que também trabalha como correspondente do jornal britânico The Guardian no Brasil. No relato, Alessandra se emociona.

Eu queria fazer um apelo, para o governo federal e para os órgãos competentes, para intensificarem as buscas que a gente ainda tem um pouquinho de esperança de encontrar eles. Mesmo que eu não encontre o amor da minha vida vivo, eles têm que ser encontrados. Por favor, intensifiquem essas buscas."

"Eu não quis falar antes porque a família toda está muito chocada e a gente não está sabendo reagir", complementa.

Onde o indigenista e o jornalista desapareceram - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Alessandra já havia feito um apelo anterior por carta, pedindo pela intensificação das buscas. "Como atravessar essa noite sabendo que Dom está desaparecido?", questionou em um dos trechos.

A DPU (Defensoria Pública da União) ingressou ontem com uma ação civil pública em conjunto com a Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), pedindo à Justiça que obrigue o governo federal a disponibilizar helicópteros.

Uma nota em conjunto entre entidades indígenas, divulgada hoje, citou a ação com a DPU e criticou a omissão nas buscas. "Com exceção dos seis policiais militares e de uma equipe da Funai, que iniciaram as buscas ainda ontem (6) com a equipe da Univaja, as informações acerca do cenário das buscas revelam a omissão dos órgãos federais de proteção e segurança", diz o texto.

As entidades também criticaram o Exército e a Polícia Federal.

O Exército brasileiro até o presente momento não disponibilizou nenhum efetivo para a operação. A Polícia Federal (...) deslocou um único delegado para Atalaia do Norte (...). Não foi constituída uma força-tarefa para as operações de busca."
Trecho da nota de entidades indígenas

O que dizem os órgãos de segurança

A Polícia Federal, que investiga o caso e participa de incursões, informou ter enviado mais uma aeronave com policiais federais e militares do Exército para a região —a nota não informa, contudo, o total de aeronaves empregado.

A Marinha informou ter enviado hoje um helicóptero, duas embarcações e uma moto aquática da Marinha para a região. Mas não confirmou se as equipes já participam das buscas.

Já a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas enviou hoje uma equipe formada por policiais civis, bombeiros e PMs para reforçar as buscas em Atalaia do Norte.

A equipe da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas se deslocou hoje de manhã de avião de Manaus para Tabatinga, a 1.108 km da capital do Amazonas. Em seguida, usará uma lancha blindada para chegar a Atalaia do Norte (AM).

"[Temos] uma equipe de especialista na área de selva e, também, mergulhadores, com o objetivo de reforçar a equipe que já temos em Atalaia do Norte, da segurança pública, nas buscas das duas pessoas desaparecidas", disse o general Carlos Alberto Mansur, secretário de Segurança Pública do Amazonas.