AM: PF vai comparar DNA de Bruno e Dom com sangue em lancha de suspeito
A Polícia Federal do Amazonas coletou hoje (10) materiais genéticos de referência do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips para comparar com o sangue encontrado na lancha de Amarildo da Costa de Oliveira, 41 anos, o Pelado, detido na terça-feira (7). Bruno e Dom estão desaparecidos desde a manhã de domingo (5).
Segundo a PF, as equipes de busca localizaram no rio Itaguaí, próximo ao porto de Atalaia do Norte, um "material orgânico aparentemente humano". A corporação não deu mais detalhes sobre o que é, e apenas afirmou, em nota, que ele será encaminhado para perícia no mesmo local onde estão sendo analisados os vestígios de sangue e os materiais genéticos.
Bruno e Dom foram vistos pela última vez às 7h saindo da comunidade ribeirinha São Rafael com destino a Atalaia do Norte.
Testemunhas disseram à polícia que o barco da dupla foi seguido por uma lancha pilotada por Amarildo, preso em flagrante na terça por porte de munição de uso restrito das Forças Armadas. Ontem (9), a PF solicitou a prisão preventiva do suspeito após encontrar vestígios de sangue na embarcação.
Segundo o coordenador-geral da Univaja, Paulo Barbosa da Silva, Dom Phillips fotografou invasores armados ligados a Amarildo na divisa de um território indígena dois dias antes do desaparecimento.
"O Bruno e o Dom Phillips foram visitar a equipe da Univaja quando um grupo de invasores esteve lá, no limite da terra indígena. Eles chegaram lá e ficaram mostrando arma de fogo, para ameaçar. O jornalista tirou a foto, e os invasores voltaram para a comunidade deles, que fica na área do Pelado, que é um dos suspeitos", disse.
Testemunha viu Amarildo acompanhado em lancha
Uma testemunha disse à Polícia Civil ter visto outro homem acompanhando Amarildo na embarcação que supostamente seguia Bruno e Dom. O homem ainda não foi identificado pela polícia.
"Não há nada que ligue Amarildo ao caso de desaparecimento. Não há testemunhas [que prestaram depoimento]. A própria polícia não tem prova", disse o advogado Ronaldo Caldas da Silva Maricaua, que atuou no caso até a última quarta-feira. A família do suspeito contratou o advogado Davi Barbosa de Oliveira. Procurado pelo UOL, ele ainda não se manifestou sobre o caso.
Os dois advogados atuam como procuradores de prefeituras da região — ou seja, eles têm função de defender o município em processos na Justiça. Maricaua é procurador de Atalaia do Norte, que seria o destino de Bruno e Dom, e já ocupou o posto de prefeito interino da cidade em outubro passado. Já Oliveira é procurador municipal de Benjamin Constant, que faz divisa com Atalaia do Norte.
Em nota enviada ao UOL, a Prefeitura de Atalaia do Norte disse que não há incompatibilidade entre o exercício de advocacia e o cargo de procurador municipal. A administração alega que há um número limitado de advogados na região.
Defensoria oficia PF por gabinete de crise em Atalaia do Norte
Um comitê de crise coordenado pela PF tem divulgado, desde a quarta (8), atualizações diárias sobre a operação. No entanto, o comitê é centralizado em Manaus, a cerca de 1.136 quilômetros de Atalaia do Norte.
Diante desta distância, a DPU (Defensoria Pública da União) encaminhou na madrugada de hoje (10) um ofício à PF solicitando a instalação de um gabinete de crise em Atalaia do Norte para agilizar as buscas por Bruno e Dom.
O órgão também pede o acompanhamento de um indígena indicado pela Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) em cada embarcação ou aeronave de busca.
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