Greve de ônibus causa surpresa e lota trem e metrô na zona sul de SP

A greve de ônibus iniciada à meia-noite de hoje em São Paulo, com paralisação de motoristas de 15 empresas, pegou muitos passageiros de surpresa em terminais de ônibus na zona sul de São Paulo. Enquanto algumas pessoas tentavam pegar Uber ou Táxi para ir ao trabalho, alguns desistiam da viagem ou enfrentavam aglomeração para embarcar em trens e metrôs a fim de chegarem a tempo em seus destinos.

Gerente de uma lanchonete na região da Sé, Geovana Guimarães Silva, 32, vai chegar atrasada ao trabalho. Depois de passar 20 minutos em uma van de sua casa, no Jardim Eliana, até o terminal, descobriu que a linha de ônibus em direção ao Brás, que pega todos os dias, não circula hoje.

"Levo três horas por dia no transporte para chegar ao trabalho", disse ela, que agora levará ainda mais tempo. A alternativa era enfrentar a fila e tentar chegar ao trabalho de trem, muito mais lotado nesta manhã.

"Vou para Pinheiro e de lá fazer baldeação para Sé. Acho que chego depois das 8h, disse ela, que pega a primeira condução todos os dias às 4h45. "Essas greves deveriam ser anunciadas com mais antecedência."

Quem desistiu de ir para o cursinho pré-vestibular no bairro do Paraíso é o estudante Guilherme dos Santos Silva, 18. "Eu deveria chegar às 7h30, mas não vou conseguir", lamentou. Ele teria de pegar o trem da linha Esmeralda, fazer baldeação para a linha Lilás para só então embarcar na linha Verde.

"Desisti", disse ele, enquanto olhava para a multidão se aglomerando em frente à catraca do trem. "Hoje está muito lotado."

Quem teve mais sorte foi a diretora de escola Maria Estela, 60. Moradora do Alto de Interlagos, aguardava um ônibus para o Jardim Lucélia, onde trabalha. Enquanto decidia se desistia de esperar e pegava um Uber, seu ônibus chegou.

É que, segundo os fiscais do Terminal Grajaú, apenas as linhas de ônibus em direção ao centro não circulam hoje no Terminal Grajaú. São elas: Brás, Terminal Santo Amaro, ACD Servidor Público e Água Espraiada.

Por volta das 9h, o Terminal João Dias estava praticamente vazio. Por lá, só circulava uma linha de vans que atende os bairros da região. Desprevenido, o estagiário de um restaurante na avenida Faria Lima foi pego de surpresa. Lucas Rodriges, 19, conseguiu chegar ao terminal em uma Van, mas, sem ônibus, precisará voltar pra casa —a pé.

"A van que me trouxe não faz o caminho de volta. Vou retornar pra minha casa, no Jardim Ingá, andando", lamenta. "Acho que vou levar uma hora caminhando."

No Terminal Santo Amaro, a analista administrativa Glauciele Moreira, 41, estava com medo de não chegar a tempo em uma consulta médica na avenida Santo Amaro.

"Eu teria várias opções de ônibus pra chegar lá, mas não tem nenhum aqui", afirmou, aflita. "Vou pegar o metrô e depois um Uber pra ver chego a tempo."

Assim como o trem no Grajaú, a linha Lilás do metrô, que faz conexão com os terminais Santo Amaro e João Dias, acabou lotado de passageiros que se deslocariam de ônibus.

Sem acordo

A greve foi confirmada depois do acordo frustrado de ontem (13) no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) entre o SindMotoristas (Sindicato dos Motoristas e Cobradores de São Paulo) e o SPUrbanuss (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo).

Os funcionários da categoria negociavam desde março um reajuste de 12,47%, o suficiente para repor a inflação do período medido pelo INPC/IBGE. Eles também pediam o pagamento de 100% das horas-extras, fim da hora de almoço não remunerada e pagamento de PLR (participação nos lucros e resultados).

"O setor patronal insistiu em oferecer apenas 10% de reajuste e ainda de modo parcelado", afirmou o presidente em exercício do sindicato, Valmir Santana da Paz, o Sorriso. "Agora, ofereceram os 12,47%, mas apenas a partir de outubro, o que é inadmissível."

Diante do impasse, a categoria decidiu deflagrar a greve a partir da meia-noite de hoje.

Apesar da decisão, o sindicato havia se comprometido a obedecer uma determinação judicial de 31 de maio e manter 80% da frota nas ruas nos horários de pico (das 6h às 9h e das 16h às 19h) e 60% no restante do dia.

Segundo a SPTrans, no entanto, apenas 46 das 150 linhas noturnas existentes operaram normalmente em paralisação que atingiu 15 empresas de ônibus.

A Prefeitura de São Paulo suspendeu o rodízio de veículos para as placas com final 3 e 4, que hoje poderão circular.

Confira abaixo a relação de empresas com a operação paralisada em suas garagens:

• Santa Brígida (Zona Norte);
• Gato Preto (Zona Norte);
• Sambaíba (Zona Norte);
• Express (Zona Leste);
• Viação Metrópole (Zona Leste);
• Ambiental (Zona Leste);
• Via Sudeste (Zona Sudeste);
• Campo Belo (Zona Sul);
• Viação Grajaú (Zona Sul);
• Gatusa (Zona Sul);
• KBPX (Zona Sul);
• MobiBrasil (Zona Sul);
• Viação Metrópole (Zona Sul);
• Transppass (Zona Oeste)
• Gato Preto (Zona Oeste)

Relação das empresas operando normalmente (Grupo Local de Distribuição)

• Norte Buss (Zona Norte)
• Spencer (Zona Norte)
• Transunião (Zona Leste)
• UPBUS (Zona Leste)
• Pêssego (Zona Leste)
• Allibus (Zona Leste)
• Transunião (Zona Sudeste)
• MoveBuss (Zona Leste)
• A2 Transportes (Zona Sul)
• Transwolff (Zona Sul)
• Transcap (Zona Oeste)
• Alfa Rodobus (Zona Oeste)