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Sakamoto: PF é irresponsável ao cravar solução do caso Dom e Bruno

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/06/2022 18h58

Em participação no UOL News, o colunista Leonardo Sakamoto disse que a PF (Polícia Federal) é irresponsável ao cravar uma solução para o caso das mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, no Vale do Javari (AM), com a prisão dos irmãos Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como "Pelado", e Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como "Dos Santos".

A Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) contestou, hoje, a investigação da PF que descartou o envolvimento de organização criminosa ou de um possível mandante nas mortes dos homens. Em nota, a Univaja afirmou que a PF "desconsidera as informações qualificadas" fornecidas por eles que "apontam a existência de um grupo criminoso organizado atuando nas invasões constantes à Terra Indígena Vale do Javari, do qual 'Pelado' e 'Do Santo' fazem parte".

"É irresponsabilidade da Polícia Federal cravar a solução de uma investigação tendo a começado há poucos dias", disse Sakamoto. "Os corpos foram encontrados agora, ainda vão passar por análise forense e outros processos para descobrir a causa de mortes, o tempo que eles estavam lá, e ver se isso se encaixa com as confissões", completou.

O jornalista destacou a posição da Univaja sobre a investigação da PF, e afirmou que há grupos de pescadores e caçadores ilegais que coletam espécimes nativos dos rios locais para venderem na fronteira.

"[Isso é feito] para que o narcotráfico possa lavar o dinheiro através desse processo. Existe um esquema grande que eles denunciam há um bom tempo conectando essa pesca e coleta ilegal que acontece exatamente por conta da ausência do Estado brasileiro nessa região da Amazônia, e simplesmente está sendo ignorado pela PF na hora que eles apontam os suspeitos", disse o colunista.

"É mais complicado ainda porque há também rumores de que teve tortura e excessos por parte da polícia no processo de confissão. A pergunta é: é isso confiável ou poderia ter mais alguém? Eles poderiam estar protegendo uma terceira pessoa como uma linha de investigação da própria PF apontava? Diante disso é no mínimo irresponsável [concluir a investigação]", afirmou Sakamoto.

Assista ao UOL News na íntegra: