Topo

Esse conteúdo é antigo

Policial que matou irmã com tiro em SP não sabia mexer na arma, diz polícia

Jovem de 18 anos morreu após disparo acidental da arma do irmão policial civil, em Botucatu (SP) - Reprodução/Facebook
Jovem de 18 anos morreu após disparo acidental da arma do irmão policial civil, em Botucatu (SP) Imagem: Reprodução/Facebook

Simone Machado

Colaboração para o UOL, em São José do Rio Preto (SP)

20/06/2022 19h04Atualizada em 20/06/2022 21h50

O policial civil Leonardo Matheus Carmello, 28, que matou a irmã Maria Vitória Carmello, 18, após um tiro acidental durante uma confraternização familiar, em Botucatu (SP), na quinta-feira (16), disse em depoimento que havia ingerido bebida alcoólica antes de efetuar o disparo e que, por ter adquirido a arma há poucos dias, não sabia manusear o equipamento.

O delegado seccional Lourenço Talamonte Netto, responsável pelo inquérito que investiga o caso, relata que o rapaz explicou que, ao pegar a pistola Glock 9 mm, pensou que ela estava com problemas, por isso, pediu para a irmã mais nova fazer um vídeo para ele enviar ao seu professor da Academia de Polícia.

Enquanto estava com a arma nas mãos, Leonardo contou que retirou o carregador e não sabia que havia uma bala na câmara. O delegado explica que, ao contrário dos revólveres mais comumente usados pelos policiais como os da marca Taurus, a pistola Glock tem o cão (peça que faz o disparo) embutido, por isso, exige muita experiência por parte de quem vai manuseá-la.

Ele é totalmente inexperiente, não sabia como manusear esse tipo de arma e não seguiu nenhum protocolo de segurança que a Polícia Civil tem. No momento do acidente, ele estava na cozinha da residência e com a arma alta, de frente para a irmã.
Lourenço Talamonte Netto, delegado

Após o disparo acidental atingir o pescoço de Maria Vitória, o irmão chamou o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). A garota chegou a ser socorrida, mas morreu ao dar entrada na unidade de saúde.

Ainda segundo a Polícia Civil, o acidente aconteceu durante uma confraternização familiar. O rapaz confessou que ingeriu bebida alcoólica antes de pegar a arma, que estava em um guarda-roupa.

Leonardo foi levado para a delegacia e preso em flagrante.

"Ele estava totalmente em choque e muito agitado. Foi necessário algemá-lo para que ele não cometesse nenhum crime contra a própria vida. Infelizmente, arma é algo que não se pode brincar e é preciso ter muita responsabilidade para se ter uma", acrescenta o delegado.

A polícia explicou ainda que a pistola era particular de Leonardo — a que ele receberia do estado, por ser policial civil, ainda não havia sido entregue.

Após o crime, ele perdeu o direito de portar armas de fogo. O caso vem sendo acompanhado pela Corregedoria da Polícia Civil, que deve concluir a investigação em 30 dias. O inquérito policial, segundo o delegado, será concluído nos próximos dias após depoimentos dos familiares.

"Vamos ouvir os pais dela e alguns familiares que estavam nessa confraternização apenas para ter certeza que a versão apresentada pelo irmão é verdadeira. Devido à fatalidade, os pais estão sem condições de falarem no momento", diz Lourenço.

O caso

Segundo o Boletim de Ocorrência, Leonardo Matheus Carmello pediu para que a irmã, Maria Vitória Carmello, o filmasse mexendo em uma pistola, quando a arma disparou acidentalmente e atingiu a jovem no pescoço. Maria Vitória foi socorrida, mas não resistiu ao ferimento.

O policial foi preso logo após o ocorrido, mas foi solto na sexta-feira (17) após audiência de custódia. Ele vai responder por homicídio doloso em liberdade.

Leonardo é agente de papiloscopia (servidor que analisa digitais humanas deixadas em locais de crime) e concluiu recentemente o curso da Academia de Polícia Civil. Ele faz estágio enquanto espera a designação para uma unidade. O rapaz mora em São Paulo e apenas passava o feriado na casa da família no interior paulista.

O UOL procurou a defesa de Leonardo Carmello, atualmente representado pelo advogado Jorge Luiz Batista Kaimoti Pinto, mas ainda não obteve posicionamento oficial. O espaço será atualizado tão logo haja manifestação.