Prisão domiciliar de bolsonarista gera temor de fuga em família de petista
A família do guarda municipal Marcelo Arruda, que foi assassinado a tiros em Foz do Iguaçu (PR), diz temer que a prisão domiciliar do policial penal Jorge José da Rocha Guaranho possa facilitar uma eventual fuga do atirador. Ontem, Guaranho foi levado para casa após receber alta hospitalar, onde está sendo monitorado com o auxílio de uma tornozeleira eletrônica.
"Teme a família que a localização do réu em município de fronteira, em casa, possa facilitar a sua evasão", disseram os advogado Daniel Godoy, Ian Martins Vargas, Paulo Henrique Guerra Zuchoski e Andrea Godoy, que defendem a família de Arruda.
Apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), Guaranho matou Arruda, que realizava, em 9 de julho, sua festa de aniversário de 50 anos com temática alusiva ao PT.
Onde o bolsonarista ficaria preso? Inicialmente, Guaranho ficaria preso no Complexo Médico Penal em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, mas a instituição alegou não ter estrutura para receber o atirador devido ao seu "grave quadro clínico". O posicionamento embasou a conversão da prisão preventiva em domiciliar, assinada ontem pelo juiz Gustavo Germano Francisco Arguello, da 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu.
Os representantes legais da família da vítima criticaram a decisão. "[O governo do Paraná] tem obrigação legal de prestar o serviço de custódia dos presos que demandam cuidados médicos."
Qual foi a reação do Ministério Público? Em nota, o MP-PR (Ministério Público do Paraná) também criticou o que entende ser "descaso do estado do Paraná". O órgão solicitou a transferência de Guaranho a uma das unidades do Depen (Departamento Penitenciário Nacional) ou a outro estado como alternativa à impossibilidade de transferência para o presídio estadual.
"[É lamentável que] todos tenhamos que assistir, atônitos, por absoluta omissão e descaso do Estado do Paraná, a liberação [de Guaranho] pela porta da frente do hospital", disse o MP. Ainda não houve manifestação do juiz a respeito do pedido da Promotoria.
Procurado pelo UOL, o governo estadual do Paraná informou que não irá se manifestar sobre o caso.
Monitoramento eletrônico
A prisão preventiva de Guaranho foi convertida em prisão domiciliar com o auxílio de monitoramento por tornozeleira eletrônica por até 90 dias. O equipamento foi instalado por volta das 21h45 de ontem, após o atirador ter recebido alta do hospital Ministro Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu (PR).
Em sua decisão, o juiz Arguello criticou a demora da unidade prisional para informar não ter condições para receber Guaranho. "Não bastasse a absurda situação de se constatar a total incapacidade técnica do estado em cumprir a ordem judicial que decretou a prisão preventiva do réu, tem-se a inacreditável omissão em comunicar tempestivamente a sua inaptidão", citou o magistrado no documento.
O policial penal só poderá se retirar da sua casa em caso de necessidade de atendimento médico e não deverá sair da cidade sem prévia autorização judicial. Ele foi denunciado por homicídio qualificado por motivo fútil e perigo comum, com pena que pode variar de 12 a 30 anos de prisão.
Agressões após matar
Após ser atingido por seis tiros, Guaranho levou mais de 20 chutes na cabeça em pouco menos de seis minutos, conforme revelou o UOL, que teve acesso às imagens das câmeras de segurança no local do crime. As agressões fazem parte de uma investigação paralela da Polícia Civil do Paraná, que apura o impacto das lesões sofridas por Guaranho em decorrência do espancamento praticado por três homens.
Com fragmentos de projétil de arma de fogo alojados na cabeça, o policial penal foi atingido por tiros na boca, braços, perna esquerda e de raspão no pescoço, segundo informações passadas ao UOL pelos representantes legais dele. O policial penal ainda sofreu uma fratura no maxilar.
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