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Mulher que acusa vereador Gabriel de estupro diz ter sido ameaçada com arma

07.abr.2022 - Vereador do Rio Gabriel Monteiro (PL) em sessão na Câmara Municipal - Câmara Municipal do Rio de Janeiro
07.abr.2022 - Vereador do Rio Gabriel Monteiro (PL) em sessão na Câmara Municipal Imagem: Câmara Municipal do Rio de Janeiro

Do UOL, em São Paulo

14/08/2022 23h53Atualizada em 15/08/2022 00h32

Uma mulher contou em depoimento à polícia que o vereador do Rio Gabriel Monteiro (PL) puxou a arma e apontou para a cabeça dela, após o político apresentar comportamento agressivo durante relação sexual, em princípio consentida, em 2017. As informações são do Fantástico, da TV Globo, que obteve o depoimento dela à polícia.

Segundo a reportagem, a nova vítima —que não teve a sua identidade revelada— foi à delegacia e registrou o boletim de ocorrência no início do mês, depois que denúncias já haviam sido feitas por outras mulheres.

À polícia ela contou que saiu de uma casa noturna com Monteiro no dia 14 de maio de 2017. Na sequência, os dois entraram no carro, começaram a se beijar e, poucos minutos depois, o vereador começou a demonstrar comportamento agressivo.

A vítima diz que o parlamentar começou a dar tapas no rosto e socos na costela durante a relação sexual e que ele ignorou pedido para usar camisinha. Ela afirmou à polícia que pediu que o político parasse e que, nesse momento, ele pegou uma arma e apontou para a cabeça dela.

A mulher afirma que, sem o consentimento, Monteiro começou a filmá-la durante o ato sexual e a mandar para o WhatsApp. No dia seguinte, ela foi a um hospital e recebeu o diagnóstico de "violência sexual".

Na semana passada, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovou —por unanimidade— o relatório do vereador Chico Alencar (PSOL) que pede a cassação de Gabriel Monteiro, por quebra de decoro, em decorrência de denúncias por estupro, assédio, perseguição a colegas da Casa e outras condutas vistas como inadequadas para um parlamentar. (Veja abaixo)

Ao menos três ex-assessores de Monteiro relataram que o vereador praticava sexo com menores de idade na presença de seus funcionários e pedia para que as adolescentes mostrassem os seios para eles. As declarações constam no relatório apresentado ao Conselho de Ética e pede a cassação do mandato do vereador.

"Ele falava diretamente que não gostava de maiores de 18 anos", disse uma ex-assessora do vereador ao Conselho de Ética.

Defesa diz que denúncias não são contundentes

Procurado pela reportagem do Fantástico, a defesa de Monteiro disse que "respeita a decisão do Conselho de Ética, mas afirma desde o início do processo: que as denúncias não são contundentes, mas fruto de organização criminosa que falseia a verdade com o objetivo de causar danos irreversíveis à vida política do vereador."

Ao Conselho de Ética Monteiro afirmou que está sendo "vítima de fake news há meses".

Pedido de cassação

Nesta semana, o pedido de cassação será levado ao plenário da Câmara para ser votado, onde precisa de voto favorável de 2/3 dos parlamentares para ser aprovado. Monteiro é candidato a deputado federal. No entendimento do conselho, a legislação eleitoral em vigor não impede que ele dispute um eventual mandato na Câmara dos Deputados, caso seja cassado, uma vez que uma eventual decisão será posterior à homologação da candidatura do vereador.

Os membros do conselho são Alexandre Isquierdo (União Brasil), presidente, Rosa Fernandes (PSC), Luiz Ramos Filho (PMN), Teresa Bergher (Cidadania), Zico (Republicanos) e Wellington Dias (PDT), além do relator Chico Alencar.

As condutas de Gabriel Monteiro que ferem a ética, de acordo com o relator, são:

  • Filmagem e armazenamento de vídeo em que o mesmo pratica sexo com adolescente;
  • Exposição vexatória de crianças por meio da divulgação de vídeos manipulados;
  • Exposição vexatória, abuso e violência física contra pessoa em situação de rua;
  • Assédio moral e sexual contra assessores do mandato;
  • Perseguição a vereadores com a finalidade de retaliação ou promoção pessoal;
  • Uso de servidores de seu gabinete parlamentar para a atuação em sua empresa privada;
  • Denúncias contundentes de estupro por quatro mulheres que relatam o mesmo modus operandi.

Chico Alencar afirma, com base nas provas e testemunhas, que Monteiro usava seu mandato para obedecer a uma lógica própria, "dependente do tipo de atuação exibicionista e sensacionalista adotada por ele".