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'Estou arrependido', diz pai de falsa vidente preso por golpe de R$ 725 mi

Slavko Vuletic e a filha, Diana Rosa Stanesco, foram presos pela polícia do Rio - Divulgação
Slavko Vuletic e a filha, Diana Rosa Stanesco, foram presos pela polícia do Rio Imagem: Divulgação

Colaboração para o UOL, em Maceió

17/08/2022 14h34

O romeno Slavko Vuletic, pai da autodenominada vidente Diana Rosa Stanesco, suspeita de aplicar golpe de R$ 725 milhões em uma idosa no Rio de Janeiro, disse estar "arrependido" de participar do esquema criminoso, e afirmou que "não queria" ter praticado o crime.

Vuletic e Stanes foram presos ontem, no subsdistrito de Saquarema, na região dos Lagos. Hoje de manhã, quando deixou a Deapti (Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade) e foi encaminhado ao IML (Instituto Médico-Legal) para ser submetido ao exame de corpo de delito), o romeno, questionado por jornalistas que aguardavam no local, foi irônico e disse acreditar que não fez "tanto" para merecer esse "sucesso".

"Claro, claro que eu me arrependo. Naturalmente, eu não queria estar nessa situação. Não sou merecedor de tanto sucesso, porque não fiz tanto, no meu ponto de vista", disse ele, segundo o jornal O Globo.

"É de questionar a atitude das minhas filhas. Elas me puxaram e não chegam a ponto de serem tão radicais", acrescentou, ressaltando que não conhecia pessoalmente a idosa, apenas "pela televisão".

De acordo com a Polícia Civil, Slavko Vuletic é um dos homens responsáveis por receber em sua conta bancaria as transações financeiras milionárias do golpe contra a idosa.

Prisões

Diana Rosa Stanesco, suspeita de atuar como uma "vidente" em um grupo responsável por aplicar um golpe de mais de R$ 720 milhões em um idosa da capital carioca, foi presa ontem em Saquarema, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. Na ocasião, o pai dela, Slavko Vuletic, também foi detido. Os dois eram considerados foragidos da Justiça.

Na semana passada, a Deapti prendeu quatro parentes de Diana na operação "Sol Poente", deflagrada para desarticular o grupo. Todos são suspeitos de lesar a idosa Genevieve Boghici, moradora do bairro de Copacabana, na zona sul da capital fluminense.

Diana, que já havia sido presa por estelionato este ano, teria abordado Genevieve na saída de um banco, no ano de 2020, para expor uma previsão de que a filha da mulher estaria muito doente e morreria em breve. Na ocasião, ela teria oferecido serviços espirituais para evitar o destino supostamente previsto para a mulher, que sofria de um mal incurável.

De acordo com as investigações, Diana encaminhou a mulher ainda para outras duas supostas videntes que teriam confirmado a previsão original. Assim, o grupo conseguiu transferências de mais de R$ 5 milhões e subtraiu joias e quadros de pintores como Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti.

Ainda segundo a Polícia Civil, o golpe foi possível, pois contou com a ajuda de Sabine Boghici, filha da idosa e herdeira da fortuna familiar. A mulher é filha de Jean Boghici, uma dos principais negociadores de obras de arte do país — que morreu em 2015, aos 87 anos, deixando um patrimônio artístico avaliado em mais de R$ 700 milhões para a companheira.

Também teriam participado do golpe Jacqueline Stanescos, Rosa Stanescos, Gabriel Nicolau, além da própria Sabine. Todos estão presos.

O advogado de Stanesco, Horário Cariello, nega a participação dela no crime, alega que ela não tratava com a família há pelo menos 15 anos e que houve um erro no reconhecimento de sua cliente pelo fato de ter sido usado apenas fotografias na delegacia para fazê-lo. Os demais detidos são representados pelo advogado Sérgio Riera, que, procurado pelo UOL, disse que não irá se pronunciar até o momento.

Além do golpe financeiro e material, a investigação considera ainda que a idosa tenha sido mantida em cárcere privado pela própria filha e que tenha sido ameaçada repetidas vezes com o uso de facas. A vítima demorou quase um ano para conseguir denunciar o caso à polícia, no início deste.