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Operação prende milicianos após morte de Jerominho: 'Matança generalizada'

Igor Mello e Marcela Lemos

Do UOL e colaboração para o UOL, no Rio

25/08/2022 08h59Atualizada em 25/08/2022 12h34

A PF (Polícia Federal) e o Gaeco (Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) cumpriram hoje mandados de prisão contra ao menos oito pessoas durante a Operação Dinastia, deflagrada para prender lideranças da milícia de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, que atua principalmente na zona oeste da cidade.

Quatro dos oito suspeitos já se encontravam detidos. De acordo com fontes no Ministério Público, as prisões e apreensões feitas durante a operação devem ajudar a esclarecer uma série de homicídios relacionados à maior milícia do Rio. Os promotores têm a expectativa de conseguir informações sobre o assassinato do ex-vereador do Rio Jerônimo Guimarães, o Jerominho, fundador da milícia Liga da Justiça, que deu origem ao Bonde do Zinho. Jerominho foi morto no dia 4 deste mês, atingido por tiros de fuzil. Uma câmera de segurança filmou a ação.

Até o momento, uma das linhas de investigação é de que Jerominho foi assassinado por ordem de Zinho. Com as novas informações, o MP espera comprovar ou eliminar de vez essa tese.

Um dos alvos da ação de hoje foi preso num hotel de luxo na cidade de Gramado (RS). Ele foi identificado como Geovane da Silva Mota, conhecido como GG.

Ao todo, a ação tenta cumprir 23 mandados de prisão temporária e 16 mandados de busca e apreensão.

De acordo com o MP, as investigações revelaram que o grupo sustenta um esquema de extorsão, posse e porte de armas de fogo de uso permitido e de uso restrito (fuzis), comércio ilegal de armas de fogo, corrupção ativa de agentes das Forças de Segurança, "além de diversos homicídios, que são incessantemente planejados e executados pelos milicianos em face de criminosos rivais, que integram a milícia comandada por Danilo Dias, conhecido como Tandera".

Ainda segundo o MP, as provas recolhidas até agora "evidenciam uma matança generalizada que é fomentada pela organização, que tem como pilar para o seu funcionamento e manutenção a destruição dos integrantes da milícia rival e de quaisquer pessoas que possam auxiliar os seus inimigos, ou prejudicar o andamento de suas atividades criminosas".

Segundo a investigação, há criminosos destacados exclusivamente para fazer, de forma incessante, o levantamento de dados pessoais e a vigilância dos alvos que devem ser "abatidos".

A quadrilha também é suspeita de praticar extorsões de forma reiterada, cobrando "taxas" de comerciantes e prestadores de serviço que começam a empreender nas áreas dominadas pela milícia. "Até as informais barraquinhas de rua, que vendem lanches, são achacadas pelos criminosos", diz o MP em nota.

A Operação, fruto do trabalho conjunto do GAECO com a Polícia Federal, ainda visa identificar outros integrantes da organização criminosa, que é considerada a maior milícia em atividade do Estado do Rio de Janeiro.

Os suspeitos são investigados por organização criminosa, tráfico de armas de fogo e munições, além de extorsões e corrupção.