'Escravizados do vinho': melhor assistencialismo é dar emprego, diz grupo
O novo posicionamento foi divulgado hoje pelo CIC-BG (Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves), associação empresarial do Rio Grande do Sul, que atua com grandes vinícolas.
A ação ocorre após críticas por um posicionamento anterior, de sábado (25), sobre a operação resgatou 207 pessoas achadas em condições análogas às de escravo em Bento Gonçalves (RS).
O grupo havia culpado o assistencialismo pela falta de trabalhadores para trabalhar em vinícolas.
Nesta terça-feira (28), o centro afirmou entender que as políticas públicas assistenciais são fundamentais para oferecer amparo às pessoas em situação de vulnerabilidade.
"Nosso compromisso, enquanto entidade, é oportunizar que as pessoas não dependam exclusivamente do assistencialismo para sobreviver —mas que encontrem incentivo para ingressar/retornar dignamente ao mercado do trabalho. O maior programa de assistencialismo que pode existir é dignificar as pessoas por meio do emprego e, com esse propósito, o CIC-BG está prestando valiosíssima contribuição social."
O grupo voltou a afirmar que repudia às "práticas inadequadas, que estão sendo alvo de investigação, no trato aos trabalhadores".
O que aconteceu?
- Em nota, no sábado, o CICBG apontou que as autoridades precisam "cumprir o seu papel fiscalizador e punitivo", mas disse que "é preciso resguardar a idoneidade do setor vinícola".
- No fim da nota, porém, o centro criticou o assistencialismo e disse ser preciso trabalhar em projetos e iniciativas que ajudem a "suprir, de forma adequada, essa carência de mão de obra".
Situações como esta, infelizmente, estão também relacionadas a um problema que há muito tempo vem sendo enfatizado e trabalhado pelo CIC-BG e Poder Público local: a falta de mão de obra e a necessidade de investir em projetos e iniciativas que permitam minimizar este grande problema. Há uma larga parcela da população com plenas condições produtivas e que, mesmo assim, encontra-se inativa, sobrevivendo através de um sistema assistencialista que nada tem de salutar para a sociedade.
Entenda o caso:
- A PRF (Polícia Rodoviária Federal) resgatou 207 pessoas em situação análoga a escravidão em Caxias do Sul (RS) na última quinta-feira (23);
- Eles eram mantidos em um alojamento em péssimas condições, sofriam violências físicas e eram obrigados a comer alimentos estragados;
- Os trabalhadores colhiam uvas nas vinícolas Aurora, Salton e na cooperativa Garibaldi;
- As empresas dizem desconhecer o crime, e que terceirizavam as contratações para outra companhia, a Oliveira e Santana;
- A maioria dos trabalhadores vinha da Bahia e já voltou para casa;
- Segundo depoimentos, eles eram atraídos pela promessa de alimentação, hospedagem e transporte custeados pela empresa, mas isso não acontecia;
- Um homem de 45 anos, apontado como responsável pela Oliveira e Santana, foi preso;
- Agora, o Ministério Público do Trabalho e o Ministério do Trabalho e Emprego vão analisar individualmente os direitos trabalhistas de cada uma das vítimas.
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