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Plano Diretor de SP: Estudo aponta 80 áreas para novos prédios em 3 bairros

Simulação de como a rua Gonçalves Crespo, no Tatuapé, pode ficar após construção de prédios com novas regras do plano diretor - Ivan Maglio
Simulação de como a rua Gonçalves Crespo, no Tatuapé, pode ficar após construção de prédios com novas regras do plano diretor Imagem: Ivan Maglio

Do UOL, em São Paulo

25/06/2023 04h00Atualizada em 25/06/2023 11h15

Um estudo identificou ao menos 34 terrenos em Perdizes, 14 em Pinheiros (ambos na zona oeste da capital) e 32 no Tatuapé (na zona leste) onde casas podem dar lugar a novos prédios caso a revisão do Plano Diretor Estratégico (PDE) de São Paulo seja aprovada. O levantamento é de autoria de Ivan Maglio, pesquisador do Lab Verde da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, e da arquiteta e urbanista Juliana Souza Carneiro, que classificaram esses terrenos como "vulneráveis" à mudança.

O que o estudo aponta

Áreas perto de estações de metrô e trem e ocupadas majoritariamente por casas devem ser as mais impactadas. As regiões próximas às ruas Eugênio de Medeiros, em Pinheiros; Gonçalves Crespo, no Tatuapé; e João Ramalho, em Perdizes, são algumas que devem receber novos prédios, segundo o estudo. Os três locais estão bem próximos de estações de metrô.

Em Perdizes e no Tatuapé, novas regras possibilitariam prédios de até 28 andares. O número de pavimentos varia em função do tamanho dos terrenos. Nesses bairros, a análise se concentrou em torno da estação Perdizes de metrô, na linha 6-Laranja, que está em construção, e da parada Tatuapé da linha 3-Vermelha.

Em Pinheiros, o levantamento indicou que as áreas consideradas "vulneráveis" podem abrigar prédios de até 15 andares — a área avaliada fica perto da estação Pinheiros do metrô.

Bela Vista, Lapa e Vila Formosa são outros bairros que podem ser impactados pela ampliação da faixa com incentivo para novos prédios nas proximidades de estações de trem e metrô e que estão sendo estudadas pelos pesquisadores.

A discussão na Câmara Municipal

O tamanho da faixa com incentivo para novos prédios é um dos pontos mais polêmicos do texto da revisão — e foi alvo de reavaliação na Câmara Municipal. Inicialmente, os vereadores queriam ampliar o raio com regras facilitadas dos atuais 600 m para 1 km — a partir das estações de trem e metrô. Na última segunda (19), entretanto, anunciaram que a faixa deve se estender a até, no máximo, 800 m. Porém, a versão final do texto definiu a redução do limite para 700 m.

A discussão, agora, é se a faixa é referente às "quadras alcançadas" — isso significa que pode haver nova obra a uma distância maior das estações, até o fim do mesmo quarteirão. Hoje, o estímulo a construções se restringe a quadras inteiramente dentro dos 600 m. Os vereadores argumentam que, depois, a distância exata será definida bairro a bairro na discussão da lei de zoneamento.

A segunda votação da revisão do PDE foi adiada pela segunda vez — aconteceria inicialmente na quarta (21), depois na sexta (23). Agora, está marcada para segunda-feira (26).

Para especialistas, as mudanças no texto que tramita na Câmara Municipal descaracterizam proposta original do Plano Diretor e deixa de fora a periferia, onde faltam áreas verdes e de lazer. Sancionado em 2014, o documento propunha incentivo à construção da moradia perto de corredores e estações como forma de desestimular o uso do carro.

O que dizem os envolvidos

Para fazer as projeções, analisamos alguns lotes mais 'vulneráveis' em relação ao mercado, que abrigam vilas e outros tipos de imóveis remanescentes. Aplicamos as regras previstas na proposta de revisão do PDE e chegamos a esses resultados. Acreditamos que outros bairros também podem ser impactados pelas mudanças em discussão, em função do aumento da faixa com incentivo para novas construções.
Ivan Maglio, pesquisador do Lab Verde da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP

É inadmissível que, em pleno século 21, haja essa mega transformação urbanística sem ser precedida de estudos ambientais e de capacidade de suporte, exigidos pelo Estatuto da Cidade e pela legislação ambiental do país.
Juliana Souza Carneiro, arquiteta e urbanista

O aumento dos raios nos eixos de transporte não será automático para todas as regiões. Haverá uma definição caso a caso, que será feita durante a discussão da lei de zoneamento.
Rodrigo Goulart (PSD), vereador e relator da revisão do plano

Regiões mais afetadas pelas mudanças do Plano Diretor - Carol Malavolta/UOL - Carol Malavolta/UOL
Imagem: Carol Malavolta/UOL