Testemunhas desmentem suspeito de matar PM da Rota no Guarujá, diz polícia
As testemunhas ouvidas após a morte de um PM da Rota no dia 27 de julho no Guarujá, litoral de São Paulo, desmentem a versão do suspeito preso pelo crime, que alega inocência, e o apontam como responsável pela segurança armada do tráfico na região de onde partiram os tiros. Após o crime, uma ação policial ainda em andamento resultou em ao menos 16 mortes, 84 prisões e apreensão de 400 kg de drogas.
O que dizem as testemunhas
Um homem disse ter visto Erickson David da Silva, o Deivinho, com uma pistola para fazer a segurança do ponto de venda de drogas momentos antes do crime. Depois dos tiros, contou ter encontrado uma "pistola prateada, semelhante à verificada pouco antes na mão de Deivinho" em um córrego nos fundos da sua casa, segundo relato à Polícia Civil na última segunda-feira (31) obtido pelo UOL.
Uma pistola 9 mm foi localizada embrulhada em uma sacola de plástico e apreendida após uma denúncia anônima, pouco antes da testemunha ser ouvida. A arma foi encaminhada para a perícia para verificar se foi a mesma usada para matar Patrick Bastos Reis, que integrava a tropa de elite da PM paulista. O resultado ainda não saiu.
A testemunha, que prestou depoimento sob proteção, disse ter visto Deivinho com uma pistola prateada ao ir ao local para comprar drogas. A informação de que o suspeito estava armado no momento do crime e que seria o encarregado pela segurança foi confirmada por moradores e pessoas ligadas ao tráfico local — um deles é Mazaropi, preso por tráfico e também suspeito de envolvimento na morte do soldado da Rota.
Deivinho passou a gritar como louco: 'A Rota' e passou a atirar. Com medo, larguei as sacolas com as drogas, tranquei a porta de casa e disse para a minha mulher: 'Deu m... O Deivinho atirou nos caras'.
Marco Antônio de Assis Silva, o Mazaropi, preso por tráfico e homicídio, em depoimento
Uma nota fiscal de um croissant no local em que ocorreu o assassinato ajudou a incriminar Deivinho, segundo a Polícia Civil. Os investigadores foram até a loja e usaram as câmeras de segurança instaladas no local para identificar uma suspeita, que também apontou o envolvimento dele no crime.
O local de onde partiram os disparos era preparado para defesa, aos moldes de "bunkers" de guerra, de acordo com a Polícia Civil. Com inscrições em referência ao PCC, a área contava com visão privilegiada, permitindo verificar os seus principais acessos. Ele foi preparado com alvenaria e tem paredes espessas, capazes de resistir a outros ataques, ainda segundo a investigação.
O que diz o suspeito
Deivinho, que tem antecedentes criminais por roubo, negou envolvimento com o tráfico e com o assassinato do PM da Rota. Em depoimento no último domingo (30), disse ter ido ao ponto de venda de drogas apenas para comprar maconha quando contou ter ouvido tiros.
O suspeito acusou o traficante conhecido como Mazaropi, também preso, de ter disparado. Em seguida, disse à polícia ter voltado para casa e buscado refúgio com parentes em uma favela no Guarujá porque ficou "com medo do que pudesse ocorrer, já que várias viaturas foram para o morro".
Depois ainda seguiu para São Paulo e então decidiu se apresentar à Polícia Civil no domingo (30). O UOL ligou para o escritório do advogado que representa Deivinho, mas o número estava desligado.
Embora tenha negado fazer a segurança armada no ponto de venda de drogas, admitiu já ter atuado como "olheiro do tráfico" no local entre 2016 e 2020. Mas disse que continuava frequentando o local para comprar maconha.
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