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Defesa de Mãe Bernadete diz que fala de governador da Bahia é 'canalha'

O advogado Leandro Santos, que representa a família da líder quilombola Bernadete Pacífico, assassinada na última quinta-feira (17), classificou como "canalha" a afirmação do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), de a morte dela pode ter relação com a disputa de facções criminosas.

O que aconteceu:

Santos disse que a fala do governador é "canalha, violenta e precipitada". Declaração foi feita em entrevista ao jornal O Globo.

Ele também pontuou que o gestor busca uma "solução prática e fácil. "É inaceitável o que foi dito. O governador busca uma solução prática, fácil. Nós sabemos como as coisas acontecem na Bahia. Daqui a pouco, vão aparecer dois corpos e que serão dos supostos assassinos e o caso será dado como encerrado. Querem nos fazer engolir goela abaixo que a mãe Bernadete, que era uma referência moral, poderia estar num ambiente de contradição com facções criminosas", argumentou.

Para o advogado, a afirmação de Jerônimo Rodrigues pode induzir a investigação da Polícia Civil, e corre o risco de que seja deixado de lado o que ele entende como a razão mais provável para a execução: as disputas fundiárias.

Leandro Santos ainda declarou ao Globo que o mais provável é uma ligação do assassinato de Bernadete com a morte do filho Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, o Binho do Quilombo, em 2017.

Antes de se falar em ação de traficantes, a polícia deveria investigar uma possível relação com um crime que não foi solucionado. Os assassinos nunca foram identificados apesar de a própria família ter apresentado um relatório com todos os detalhes sobre os possíveis criminosos. Nós estávamos buscando justiça, inclusive entregamos a foto do eventual assassino, mas a PF nada fez. Foram, ao que tudo indica, pessoas envolvidas com a política da região. Isso tudo virá à tona. Acreditamos que a morte de Bernadete é um desdobramento de um processo de luta fundiária. Muito me assusta o viés adotado pelo governador, é muito lamentável. Rechaçamos com toda a nossa energia essa ilação.
Leandro Santos, advogado, em entrevista o jornal O Globo

O que disse o governador da Bahia

Jerônimo Rodrigues afirmou que a principal linha de investigação da Polícia Civil sobre o assassinato da líder quilombola Maria Bernadete Pacífico é a disputa de facções criminosas.

O governador disse que essa possibilidade é a mais "premente". "Se isso aconteceu, da mesma forma [que as outras teses] nós haveremos de nos debruçar sobre ela, em uma parceria integrativa com o governo federal, com a Polícia Federal", disse.

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As outras duas hipóteses são de que o crime teria sido motivado por briga de territórios ou intolerância religiosa, segundo o petista. "É claro que tem informações que nem a gente tem acesso, mas eu pedi uma certa celeridade, com responsabilidade", acrescentou Jerônimo.

Investigação está em sigilo. Procurada pelo UOL, a Polícia Civil disse que os detalhes e desdobramentos do caso são mantidos em sigilo para preservar o andamento das investigações.

Líder quilombola foi morta a tiros

Maria Bernadete foi vítima de três tiros de arma de fogo no Quilombo Pitanga dos Palmares. Criminosos teriam invadido o terreiro da comunidade, feito familiares reféns e a executado.

Ela é mãe de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, mais conhecido como Binho do Quilombo, assassinado há quase seis anos, no dia 19 de setembro de 2017.

Lula cobrou 'investigação rigorosa'

O presidente Lula (PT) prestou solidariedade a amigos e familiares de Maria Bernadete. "Bernadete Pacífico foi secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial na cidade de Simões Filho e cobrava justiça pelo assassinato do seu filho, também um líder quilombola", disse o petista nas redes sociais.

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Janja expressou consternação pelo assassinato. "É com profundo pesar e consternação que expresso minhas mais sinceras condolências pelo brutal assassinato da Mãe Bernadete Pacífico, ocorrido na Bahia na noite de ontem. Toda minha solidariedade aos familiares e à comunidade", escreveu a primeira-dama.

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